Título: Grupo de empresários investe em usina no PR
Autor: Rocha, Alda do Amaral
Fonte: Valor Econômico, 08/06/2007, Agronegócios, p. B10

Em busca de diversificação, um grupo de 26 sócios que reúne empresários dos segmentos de avicultura, pecuária, suco, hotelaria e construção civil, está investindo US$ 140 milhões na construção de uma usina de álcool e açúcar, a Brazcana Agroindustrial, no município de Paranavaí, no noroeste paranaense.

Além da oportunidade de diversificação, afirma Edmar Arruda, presidente da Brazcana, o que levou um grupo tão heterogêneo a unir forças e investir no ramo sucroalcooleiro foi a perspectiva de aumento na demanda por etanol tanto nos Estados Unidos, que estão incentivando a ampliação da utilização de combustíveis renováveis, quanto no Brasil, onde 85% dos carros novos vendidos já são flexfuel e podem rodar com gasolina ou álcool.

A maior acionista da Brazcana é a paranaense Globoaves, com sede em Cascavel, que atua na produção de pintos de corte de um dia e em sociedade com outras empresas no abate de frango. A participação da Globoaves na usina é de 17%. "Estamos focados em carne de frango e vamos continuar crescendo nesse segmento. Mas existe um 'boom' de energia. Por que não entrar nele?", indaga o diretor da Globoaves, Roberto Kaefer, que é vice-presidente da Brazcana.

Outra empresa do segmento avícola, a Avícola Felipe, de Paranavaí, terá participação de 10% na Brazcana. Edmar Arruda, que também atua na área - tem sociedade com a Globoaves na Frangobras, em Campo Mourão -, terá 10%. O restante está dividido entre os demais acionistas.

Conforme Arruda, em uma primeira fase, a usina vai moer 2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano para produzir álcool. A previsão é que as operações tenham início em 2010, também com co-geração de energia elétrica a partir do bagaço. A partir de 2014, a moagem deverá aumentar para 3 milhões de toneladas por ano, com parte já destinada também à produção de açúcar. "O projeto é moer 4 milhões de toneladas de cana a partir de 2015, com 70% do volume destinado ao álcool e 30% ao açúcar", diz o executivo.

Na primeira fase do projeto, a cana para processamento será fornecida pelos pecuaristas sócios da usina. Segundo o presidente da Brazcana, serão utilizadas áreas de pastagens para o plantio da cana-de-açúcar, num total de 13 mil hectares. "Existem 100 mil hectares de área de pastagens [na região]. Parte dessa área vai para a cana", informa ele. Até 2015, quando a moagem estiver em 4 milhões de toneladas, a área com cana na região da Brazcana deverá alcançar 45 mil hectares, de acordo com Arruda.

A construção da usina deverá começar em 180 dias. A Brazcana já solicitou ao BNDES financiamento de 70% do valor a ser investido, e o pedido está sob análise, segundo o presidente da usina.

No Paraná, 29 usinas vão operar na moagem nesta safra e a previsão é de um processamento de 41,6 milhões de toneladas de cana.