Título: Argentina pressiona petroleiras por falta de diesel e autua Petrobras
Autor: Rocha, Janes
Fonte: Valor Econômico, 13/06/2007, Internacional, p. A11

A Secretaria de Comércio do Ministério da Economia da Argentina autuou ontem a Petrobras pelo não-abastecimento de diesel no mercado doméstico. Segundo a imprensa local, a Shell também teria sido autuada e multada. A fiscalização e autuação das petroleiras atende a uma queixa das entidades ligadas aos agricultores. Há três semanas o setor está reclamando da falta de diesel em várias províncias, o que prejudica o abastecimento das máquinas agrícolas, tratores e caminhões em plena fase de colheita da safra de grãos.

Durante todo o dia de ontem as agências de notícias e websites dos jornais locais informaram que as empresas estavam sendo multadas pela falta de combustíveis. À noite, a Petrobras Energia, subsidiária argentina da empresa brasileira, divulgou nota oficial insistindo em que estava fornecendo combustível em volumes superiores aos do ano passado.

Segundo uma fonte da empresa que pediu para não ser identificada, não houve multa. A Secretaria emitiu uma autuação depois de fiscalizar um revendedor denunciado pelos seus clientes e que, ao ser inspecionado, culpou a Petrobras por entregar menos diesel este mês que o normal. A partir desta autuação, a Petrobras tem cinco dias para se explicar e, depois desse prazo, se não convencer a fiscalização, poderá ser multada.

"Entregamos a este cliente em maio 20% a mais de diesel que o volume entregue no mesmo mês do ano passado", afirmou a fonte.

No comunicado, a empresa sustenta que "está distribuindo combustíveis normalmente, efetuando os esforços necessários para atender às necessidades de seus clientes". Diz ainda que o fornecimento de diesel teria crescido 10,5% no primeiro quadrimestre de 2007 e 15% só no mês de maio, em relação a períodos equivalentes de 2006.

Desde que começou a faltar diesel por todo país, o governo vem ameaçando as petroleiras com a Lei de Abastecimento, que prevê multas e até a prisão de executivos responsáveis em caso de reincidência de irregularidades. De acordo com a Sociedade Rural Argentina, o campo demanda 4,2 milhões de litros anuais de diesel para a safra.