Título: Sem conhecimento, investidor tomará decisões erradas
Autor: Fariello, Danilo
Fonte: Valor Econômico, 13/06/2007, EU & Investimentos, p. D1

Com o crescimento dos iniciantes no mercado de ações, Joubert Rovai, o ombudsman do mercado na Bovespa, vê crescer com força também a demanda dos investidores por informações. Em 2006, o número de consultas chegou a 1.554, subindo 68% em relação ao ano anterior e neste ano a procura segue elevada. Com a alta das ações e a campanha de popularização da bolsa, percebe-se muita gente nova chegando, diz Rovai. "O mercado de ações, porém, é certamente a mais complexa das alternativas de investimento mobiliário disponível." Portanto, exige conhecimentos básicos, completa.

O preço das ações reflete as expectativas futuras e não as passadas, portanto, é necessário um mínimo de conhecimento econômico do país, do mundo e do setor, diz o ombudsman. "É preciso entender, mesmo que de forma simples, os conhecimentos básicos do que é ser acionista." Para ele, qualquer investidor da bolsa deveria ter em algum momento da vida contato com a lei das Sociedades Anônimas, entre outras normas.

Segundo Rovai, muitas das consultas de investidores trata de questões básicas do mercado, como desdobramentos e grupamentos de ações - este, ao contrário do primeiro, ocorre quando ações se unem em uma, que passa a valer a soma de todas. "Muitas pessoas nunca ouviram falar dessas questões."

Outras dúvidas relacionadas a práticas operacionais da bolsa são alvo de reclamações, como a falta de entrega de ativos três dias após sua aquisição. Apesar de todos os sites de corretoras informarem isso, os investidores se queixam quando querem vender um ativo recém-adquirido no dia seguinte, diz ele. "Esse é um risco que existe e é informado, mas é reclamado."

Rovai destaca que as entidades do mercado têm atuado para estimular a educação financeira entre os potenciais e atuais investidores. A Bovespa tem o projeto Educar, com ênfase em diversos tipos de público, para disseminar conceitos básicos. "Se investir parte do tempo para ler as informações disponíveis, os investidor passará de iniciante a um pouco iniciado."

"Toda vez que você não conhece as características de uma aplicação, você toma decisões equivocadas", diz Rovai. A quem não tem tempo para aprender e não consegue entender, mas quer entrar na bolsa, o ombudsman aconselha investir em um fundo de ações ou criar um clube de investimentos com amigos para aprenderem juntos. Para Rovai, se o iniciante vai direto negociar papéis na bolsa, tem de dedicar um tempo para aprender ou corre o risco de experimentar o aprendizado mais duro, "que é aquele que dói no bolso". (DF)