Título: Brasil terá ciclo longo de crescimento entre 4% e 5% do PIB, dizem economistas
Autor: Bouças, Cibelle
Fonte: Valor Econômico, 05/06/2007, Brasil, p. A4

O Brasil terá ainda um longo ciclo de crescimento, na avaliação do economista e professor da Fundação Getúlio Vargas EPGE-RJ, Affonso Celso Pastore, que vê potencial para o país registrar um crescimento anual médio de 4% a 5% nos próximos anos. Previsão semelhante fez Octavio de Barros, diretor de pesquisa e análise macroeconômica do Bradesco. Baseado em uma pesquisa mensal feita com 1.200 empresas em todo o país, Barros observou que o país possui hoje melhores condições macroeconômicas que o México apresentava em 2000, em sua melhor fase de expansão.

"Nos últimos 12 meses, o Brasil apresentou inflação mais baixa que a média mundial, de 3,8% ao ano. O país tem maior previsibilidade econômica e um cenário positivo para atração de negócios", afirmou Barros, citando como pontos favoráveis o câmbio estável e a atração, nos últimos 12 meses, de US$ 30 bilhões de investimento direto estrangeiro no país. "Dos IPOs anunciados na Bovespa, 70% têm investimento estrangeiro, o que revela a visão positiva que o mercado global tem sobre o país."

Pastore, ex-presidente do Banco Central, observou que o mercado mundial ainda deve se manter no ciclo de crescimento, dada a expansão econômica observada no Japão e Europa e em boa parte dos países da América Latina. "Os preços internacionais das commodities aumentaram 80% desde 2002 e com eles os preços de outros produtos também aumentaram, impulsionando o crescimento econômico e um aumento de liquidez no mercado externo", disse Pastore.

Na avaliação do economista, o superávit da balança comercial brasileira, que no ano passado foi de US$ 45 bilhões e a relação entre dívida externa e PIB em 16% colocam o Brasil em uma situação mais confortável e menos vulnerável a crises internacionais. "Mesmo com o real valorizado, as exportações estão crescendo em receita e em volume, o que indica que o país está mais competitivo", afirmou.

Ele acrescentou ainda que, se o governo fizer as reformas tributária e previdenciária e resolver questões ligadas à logística e infra-estrutura, o país terá condições de crescer 6% a 7% ao ano. "Precisa resolver esses problemas em quatro anos, porque, se não, em dez anos essas questões se tornarão realmente fortes entraves à economia brasileira", disse Pastore. Os economistas participaram do seminário Ethanol Summit, realizado pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), em São Paulo.