Título: Vicunha investirá US$ 30 mi no Equador
Autor: Adachi, Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 05/06/2007, Empresas, p. B8

A Textília, controladora da Vicunha Têxtil, vai investir cerca de US$ 30 milhões na aquisição da fabricante de índigo equatoriana La Internacional. Esse valor, segundo a diretor financeira da Vicunha, Ana Elwing, inclui o pagamento das ações compradas (64% do capital) e também os investimentos em modernização e ampliação da fábrica, localizada em Quito, ao longos dos próximos dois a três anos. A compra da La Internacional, antecipada pelo Valor, foi anuncia na sexta-feira.

Fundada em 1921, a La Internacional é uma das mais antigas indústrias do Equador. Faturou US$ 23 milhões no ano passado e tem 750 funcionários. A empresa é pequena quando comparada à Vicunha, que ocupa o posto de segunda maior fabricante de índigo do planeta. enquanto a brasileira fabrica 10 milhões de metros de denin por mês, a La Internacional produz 700 mil metros. No mundo todo, são produzidos 5,5 bilhões de metros do tecido anualmente, por 550 empresas.

Os planos da Vicunha, controlada pela família Steinbruch, são de triplicar a produção da La Internacional nos próximos anos. "Vamos transferir tecnologia e produtos da Vicunha para a nova empresa."

Apesar do pequeno porte da La Internacional, ela terá um papel importante nos planos de internacionalização e consolidação mundial que a Vicunha traçou. "É o nosso primeiro passo no exterior", diz Ana Elwing, deixando no ar a idéia de que outras aquisições estão em análise.

"Vamos fazer da La Internacional a nossa base de produção para a Comunidade Andina, que tem 120 milhões de pessoas e cresce a um ritmo mais forte que o Brasil", explica a executiva, que ainda está em Quito finalizando a transação. Hoje, o produto têxtil do Brasil paga, em média, imposto de importação de 17% para ingressar na região. A Comunidade Andina engloba Peru, Equador, Colômbia e Venezuela. "Além disso, o câmbio valorizado no Brasil tirou competitividade dos nossos produtos, apesar dos custos competitivos que temos."

O mercado mexicano também será atendido via a nova operação no Equador, segundo a executiva. De acordo com Ana, há uma terceira oportunidade de negócio que poderá surgir ainda, embora a Vicunha não tenha contado com ela ao tomar a decisão de investimento. Venceu no ano passado e foi prorrogado até junho um acordo comercial com os Estados Unidos que permite a entrada sem impostos aduaneiros de artigos têxteis equatorianos produzidos com tecidos feitos no próprio Equador. "Esse acordo pode ser renovado ou, quem sabe, possa ser feito um acordo bilateral com os EUA."

A Vicunha contratou um executivo brasileiro para assumir a direção-geral da La Internacional. "Vamos trazer pouca gente do Brasil. Contratamos um diretor financeiro local e vamos manter o mesmo diretor industrial", disse ela.

A La Internacional tem uma história pitoresca. O seu nome é uma homenagem à Internacional Socialista porque, por improvável que pareça, a empresa foi fundada por um grupo de comunistas. Hoje, a empresa é uma sociedade anônima de capital fechado, com cerca de 2,5 mil acionistas. O controle estava na mão de um pequeno grupo de acionistas e a Vicunha não tem planos, por enquanto, de adquirir as demais ações.

Na quarta passada, antes de concluir o negócio, Ricardo Steinbruch, presidente da Vicunha, reuniu-se com o presidente equatoriano, Rafael Correa.