Título: Lula defende construção de Angra 3
Autor: Góes, Francisco
Fonte: Valor Econômico, 15/06/2007, Brasil, p. A3

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez a defesa, ontem, da construção da usina nuclear de Angra 3, cujo projeto ainda precisa ser aprovado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE). "Não tem nenhum sentido (não fazer Angra 3). É uma energia limpa. Não polui. Não emite CO2. Portanto, não contribui para o efeito estufa. E a tecnologia brasileira é perfeita. Posso garantir para vocês que nunca vai acontecer no Brasil o que aconteceu em Chernobil", disse, referindo-se ao acidente nuclear ocorrido em 1986 na Ucrânia.

Lula sinalizou seu apoio à construção de Angra 3 em discurso para operários do estaleiro Bras Fels, de Angra dos Reis, na cerimônia de batismo da plataforma P-52 da Petrobras. Ao falar de improviso, Lula afirmou que o Brasil vive um momento que "em 100 anos de República não vivemos". "Está dando tudo certinho no Brasil", disse. Ele destacou o crescimento de 4,3% da economia no primeiro trimestre em relação a igual período de 2006 e previu que a expansão continuará nos próximos trimestres.

Segundo ele, o país está preparado para ter uma caminhada longa de crescimento sem precisar passar por sustos e sem que o presidente da República precise inventar mágicas. "O único plano que tenho é o da seriedade e eu não posso errar", afirmou. Ele também fez menção à necessidade de o país assegurar o fornecimento de energia para garantir o crescimento: "Para a gente crescer acima de 5%, vamos ter de dizer aos investidores que não vai faltar energia no país a partir de 2012, porque até lá está garantido (o abastecimento)."

Ele também mencionou conquistas do governo. Disse que em quatro anos sua administração criou 400 mil novas vagas com carteira assinada na área metalúrgica. "E vamos criar mais porque a indústria automobilística está produzindo muito mais, porque a indústria siderúrgica cresce mais. A indústria automobilística quer chegar a produzir 2,7 milhões de carros este ano, dos quais 85% vendidos no mercado interno com tecnologia flex fuel", disse.

O presidente aproveitou para pedir "otimismo" aos trabalhadores. "O país precisa parar de pensar negativamente. Precisamos pensar que depende de nós e de mais ninguém. Temos US$ 140 bilhões de reservas, não devemos ao FMI, nem ao Clube de Paris. O FMI tá doido porque ninguém está precisando dele", afirmou. Ele informou que até 2010 o governo vai investir R$ 146 bilhões em habitação e saneamento. Só no Rio de Janeiro serão aplicados mais de R$ 2 bilhões.