Título: Câmbio e aço provocam alta de 20% no custo da plataforma da Petrobras
Autor: Góes, Francisco
Fonte: Valor Econômico, 15/06/2007, Empresas, p. B6

A construção da plataforma P-52, prevista para entrar em produção na primeira quinzena de setembro na Bacia de Campos (RJ), custou quase US$ 200 milhões a mais do que o previsto. A valorização do real, a alta do preço do aço e outros ajustes levaram a Petrobras a gastar US$ 1,1 bilhão na P-52 ante valor inicial, nos contratos com os construtores, de US$ 906 milhões. A unidade, com capacidade de produzir 180 mil barris de petróleo/dia, foi batizada ontem no estaleiro Bras Fels, em Angra dos Reis (RJ), com participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A P-52 é a primeira plataforma concluída no Brasil após a promessa do então candidato Lula, em 2002, que, se eleito, a Petrobras passaria a encomendar estas unidades de produção de petróleo e gás no país. "A P-52 é um marco na história da Petrobras e na recuperação do setor naval brasileiro", disse Guilherme Estrella, diretor de exploração e produção da Petrobras. A P-52 deixará o cais do Bras Fels no fim de julho com um índice de nacionalização de 76%.

A unidade foi construída pelo consórcio FSTP, formado pelas empresas Keppel Fels Brasil, que tem contrato de arrendamento do Bras Fels, e Technip Engenharia. Choo Chiau Beng, presidente da Keppel Offshore & Marine, controladora da Keppel Fels Brasil, disse que a empresa assinou, em 2000, contrato de arrendamento do estaleiro por 30 anos renovável por mais 30 anos. "Pretendemos ficar no Brasil por muito tempo", afirmou Choo.

Também participaram da cerimônia o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e o governador do Estado, Sérgio Cabral.

Além da P-52, que teve a ministra Dilma Rousseff, da Casa Civil, como madrinha de batismo, o Bras Fels está concluindo a montagem da P-51, plataforma que teve o casco construído no país (o casco da P-52 é de Cingapura). A P-51, a ser entregue no primeiro trimestre de 2008, também teve aumento de custos de 20% em relação aos contratos originais. Estava cotada inicialmente em US$ 806 milhões e deve ficar em quase US$ 1 bilhão.

Estrella afirmou que a diretoria da estatal aprovou procedimentos para compensar aos fornecedores a variação cambial nos projetos de construção de plataformas. Ele disse que entre 2006 e 2011 a Petrobras tem em carteira 64 projetos de produção a serem instalados no país em terra e no mar. "Estamos investindo mais de R$ 20 bilhões por ano e, se considerar os custos operacionais, o valor fica entre R$ 40 bilhões e R$ 45 bilhões por ano em atividades de exploração e produção", disse o executivo.

Ele listou uma série de projetos que entrarão em produção até o fim do ano e que garantirão a manutenção da auto-suficiência na produção de petróleo. Segundo Estrella, a Petrobras fechará o ano com mais de 2 milhões de barris de petróleo sendo produzidos diariamente no país. "Vamos produzir cerca de 60 mil a 80 mil barris a mais por dia em relação a 2006", afirmou. Estrella disse ainda que a média de produção, que foi de 1.780 milhão de barris/dia no ano passado, deve ficar entre 1.860 milhão e 1.880 milhão de barris/dia em 2007. A meta inicial de produção da empresa para este ano era de 1.910 milhão de barris/dia.

Pedro José Barusco Filho, gerente executivo de engenharia da Petrobras, acrescentou que a empresa está em negociações avançadas com a Keppel Fels para fechar até o fim do mês o contrato de construção da P-56, unidade que será uma cópia da P-51. A Keppel Fels será responsável pelo casco e pelo top side da unidade. Os módulos de energia e de compressão ficarão a cargo da Rolls Royce e da GE Nuovo Pignone, respectivamente. O ponto de partida para fixar o preço da P-56 será o valor atualizado desembolsado pela P-51.