Título: China poderá manter preço da commodity em alta
Autor: Capela, Maurício
Fonte: Valor Econômico, 15/06/2007, Empresas, p. B6

O barril de petróleo não deverá registrar tão cedo cotações abaixo dos US$ 60. Mesmo que os efeitos sazonais decorrentes da estação de verão no Hemisfério Norte, que aumenta significativamente o consumo de gasolina, sumissem da noite para o dia, a commodity ainda teria pela frente a demanda da China.

Dispostos a fugirem cada vez mais das oscilações de preço e das tensões políticas que marcam os grandes produtores de petróleo, os chineses resolveram criar um programa de estocagem do produto. A idéia do país é criar infra-estrutura que seja capaz de armazenar o equivalente a 90 dias de consumo. Por ora, o volume em reserva permite à China abastecimento ininterrupto por 30 dias.

"Isso, deverá influenciar o preço do petróleo no futuro próximo, porque a China é grande consumidora", afirma Lucas Brendler, analista da Geração Futuro Corretora. Em outras palavras, quando os atuais indicadores que impulsionam a alta de preços se dissiparem, a demanda chinesa poderá manter o preço do barril em nível elevado.

Neste momento, contudo, as tensões na Nigéria, as declarações do Irã quanto ao seu programa nuclear e o baixo incremento dos estoques de gasolina nos Estados Unidos dão o tom no mercado. Tanto que ontem, na Bolsa Mercantil de Nova York, a commodity para julho foi vendida a US$ 67,65, alta de US$ 1,39. Já na Bolsa Internacional do Petróleo de Londres, o produto também para julho aumentou US$ 1,02 e fechou em US$ 70,96.

Além desses indicadores, há também rumores de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), responsável por dois quintos do fornecimento da commodity no mundo, não promova aumento algum de produção. Pelo contrário. A expectativa é que continue com o corte de 1,7 milhão de barris diários decidido no fim de 2006.

Recentemente, inclusive, a saudita Saudi Aramco, a maior companhia de petróleo do mundo, comunicou que reduzirá o fornecimento da commodity para as refinarias do Japão, China e Coréia do Sul. Fato que, na avaliação do economista Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infra-Estrutura (CBIE), somente visa um aumento de preços no curto prazo. "Em um período maior não haverá grande influência, já que as empresas também costumam suspender cortes como esses rapidamente", completa Pires.

A Opep apóia sua decisão em algumas estimativas. Para a entidade, o balanço entre oferta e demanda média deverá ser de 30,6 milhões de barris por dia neste ano, contra os 30,8 milhões diários registrados em 2006. Confirmada as informações, um acréscimo de extração seria desnecessário.

Mas há quem discorde. A Merrill Lynch, por exemplo, acredita que a Opep deveria aumentar a produção em 400 mil barris por dia, evitando aperto neste balanço. (Com agências internacionais)