Título: Governo salienta ritmo sustentável, mas Lula gostou "mais ou menos"
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 14/06/2007, Brasil, p. A3

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre não frustrou o governo e mostrou que a economia está caminhando para a esperada taxa de 4,5% em 2007. A avaliação é do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Mantega procurou ressaltar que o resultado do PIB foi bom porque mostra que a economia continua na trajetória de crescimento sustentável. "São 14 trimestres consecutivos de crescimento equilibrado porque está sendo puxado pelo investimento e pelo aumento do consumo interno", comentou.

O aumento de 4,3% sobre igual trimestre de 2006, mostrou, na avaliação do ministro, que a economia caminha na direção dos 4,5% previstos pelo governo para este ano. Ele ainda afirmou que são normais oscilações de um trimestre para outro porque não há crescimento linear.

Mantega discordou da avaliação de que o consumo do governo no primeiro trimestre tenha subido demais. Segundo o IBGE, a taxa foi de 4% sobre igual período de 2006 e 3,5% sobre o trimestre anterior. Ele defendeu que o governo pode contribuir para um crescimento maior da economia se cumprir a meta fiscal prevista: 3,8% do PIB para o setor público consolidado. "O consumo do governo reflete o aumento dos investimentos que estão sendo feitos desde o início do ano. É satisfatório e está dentro das expectativas orçamentárias. Aumentamos a receita mais que a despesa nos primeiros quatro meses do ano", explicou.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que os dados confirmam que a economia encontra-se em expansão, liderada pela absorção doméstica. "Vale notar que não apenas o dado do primeiro trimestre deste ano mostrou crescimento", declarou. "O IBGE reviu para cima as estimativas para as taxas de crescimento do segundo, terceiro e quarto trimestres de 2006, indicando que desde meados do ano passado a economia já vem crescendo em um ritmo mais intenso do que o observado nos últimos anos."

Questionado se havia gostado dos números do PIB, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse apenas "mais ou menos", após almoço no Itamaraty oferecido à presidente da Letônia, Vaira Vike-Freiberga

Outro aspecto comentado por Mantega foi o crescimento do investimento (7,2%) no primeiro trimestre. Esse movimento está, segundo ele, coerente com os esperados 4,5% para o PIB em 2007. Na sua avaliação, o setor de máquinas e equipamentos é um dos que mais cresceu na indústria de transformação e os outros segmentos que poderiam estar melhores serão estimulados pelas medidas anunciadas na terça-feira.

Anteontem, o governo divulgou que vai dar crédito com juros subsidiados e desoneração tributária para os setores que mais perderam com o real valorizado. Mas o ministro admitiu que é difícil contentar a todos os empresários. Disse acreditar que, se eles avaliarem melhor as medidas e esperarem os efeitos das novas normas sobre exposição cambial dos bancos, será diminuída a valorização da moeda brasileira.

O ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Paulo Bernardo, salientou que os indicadores apontam números ainda melhores no segundo trimestre, embora o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) "ainda não tenha produzido impactos". O ministro disse que a tendência, a partir de agora, é de um efeito positivo no crescimento, em função do PAC. "Acho que o segundo semestre vai ser melhor, e vamos cumprir a meta de 4,5% neste ano". (colaboraram Alex Ribeiro e Paulo de Tarso Lyra, de Brasília, e Agência Brasil)