Título: Empresas brasileiras vêm chance de ampliar vendas para a classe média
Autor: Souza, Marcos de Moura e
Fonte: Valor Econômico, 14/06/2007, Internacional, p. A13

O aquecimento do consumo interno na China tem levado empresas estrangeiras - de Pepsi à Giorgio Armani - a buscarem ampliar sua participação no mercado local. O Brasil, embora de forma mais acanhada, também tem tentado tirar proveito da expansão da classe média consumidora chinesa que, segundo algumas estimativas, beira hoje 150 milhões de pessoas.

Nos últimos anos, vem crescendo o número de missões empresariais brasileiras ao país asiático, assim como a participação em feiras setoriais naquele mercado.

No início de junho, um grupo de empresários pernambucanos - entre eles representantes do setor açucareiro, madeireiro e alimentício - participou de rodadas de negócios com mais de 100 empresas chinesas no país. No segundo semestre, outro grupo de empresários do setor de móveis de Minas Gerais visita uma feira em Xangai.

"O poder aquisitivo de parte dos chineses é muito maior hoje e há uma grande quantidade de pessoas comprando de celulares, a carros e apartamentos", diz Uta Schwietzer, presidente interina da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China. Esse aquecimento se estende também a outros produtos, o que pode ser um estímulo para empresários brasileiros.

Ela lembra que, no sul da China, "há uma concentração bastante grande de indústrias calçadistas brasileiras" que abriram fábricas no país aproveitando os custos de produção mais baixos que os do Brasil para atender ao mercado local e também para exportar. "A China é um mercado muito favorável para se fazer negócios", diz Uta. O país, diz ela, tem promovido uma grande número de feiras setoriais para empresas estrangeiras exporem seus produtos para potenciais compradores do país. Até antiga Feira de Cantão, que sempre foi palco exclusivo para companhias chinesas mostrarem o que tinham a compradores de fora, abriu este ano uma área para empresas de outros países.

Apesar das investidas comerciais promovidas pelas câmaras bilaterais Brasil-China, as exportações brasileiras ainda continuam muito concentradas em commodities, como minérios e soja. Mas, para o secretário-executivo do Conselho Empresarial Brasil-China, Rodrigo Tavares Maciel, a participação brasileira no mercado chinês tem tudo para atingir outro patamar. "Figuras como Ronaldinho Gaúcho, Gisele Bündchen são adoradas na China e promovem marcas estrangeiras por lá. Por que não aproveitar esse prestígio em produtos brasileiros?"