Título: Preços do álcool preocupam o Nordeste
Autor: Zanatta, Mauro
Fonte: Valor Econômico, 14/06/2007, Agronegócios, p. B13

Em plena entressafra da cana na região Nordeste do país, os empresários locais já começam a se preocupar com o impacto negativo dos preços do álcool combustível no centro-sul do país, que já deu início à colheita, sobre as cotações do produto naquela região.

"Mesmo com a entressafra aqui no Nordeste, os preços do álcool estão 30% mais baixos, contaminados pela queda dos preços no centro-sul", afirmou Renato Cunha, presidente do Sindicato das Indústrias de Açúcar e Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar/PE).

Os preços do álcool registraram recuo na semana encerrada no dia 8, em São Paulo, principal Estado consumidor do país. O litro do anidro encerrou a R$ 0,68666, com baixa de 2,67%. O hidratado ficou em R$ 0,59488 o litro, baixa de 0,61%, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

"A região Nordeste já tem sentido este impacto negativo. Temos que ter uma compensação, uma vez que a região não tem mais recebido os recursos de equilização da cana [que compensa a diferença de custos de produção entre o centro-sul e Nordeste]", disse Cunha. Hoje, os empresários do Nordeste reúnem-se em Alagoas para discutir um plano de recuperação do setor. "Vamos propor ao governo que introduza faixas de preços para negociar o álcool no mercado", disse.

Com topografia acidentada, a produção de cana no Nordeste é limitada. Mas, para a futura safra, a 2007/08, a expectativa é de que a produção cresça. A estimativa preliminar é de que a colheita atinja cerca de 58 milhões de toneladas, 5% acima do ciclo anterior.

"Para esta safra, não temos déficit hídrico, somente déficit de fluxo de caixa", disse Cunha. Os empresários da região estão comemorando o memorando de entendimentos assinado, na semana passada, pela Petrobras, banco japonês Itochu e Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf) para avaliar o potencial de produção de biocombustíveis na região do Canal do Sertão Pernambucano, que abrange 150 mil hectares na região do Vale do São Francisco.