Título: BB adiantará R$ 210 milhões a SC pelo Besc
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 14/06/2007, Finanças, p. C3

O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique (PMDB), disse ontem que o Banco do Brasil irá fazer um adiantamento de R$ 210 milhões ao Estado para administrar a folha de pagamento do funcionalismo, como parte dos entendimentos para a incorporação do Banco do Estado de Santa Catarina (Besc).

O Besc é um dos bancos estaduais socorridos pelo Programa de Estímulo à Redução do Setor Público no Sistema Financeiro (Proes). Uma das condições para que o Tesouro concedesse um empréstimo de R$ 2,019 bilhões para sanear o Besc foi que a instituição fosse privatizada. A operação incluiu a federalização do banco para a posterior venda.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu na campanha eleitoral de 2002, porém, o compromisso de não levar o banco a leilão. Em março passado, começaram os entendimentos para a incorporação do Besc pelo BB.

Um dos problemas que devem ser resolvidos antes da incorporação é justamente a manutenção da conta de pagamento do funcionalismo no Besc. Esse é o ativo do banco que mais interessa ao BB, juntamente com a financeira e a empresa de financiamento imobiliário da instituição catarinense.

No final do ano passado, o governo de Santa Catarina decidiu tirar o pagamento do funcionalismo do Besc, levando a folha a leilão. O Bradesco saiu vendedor da disputa, pagando R$ 210 milhões. Mas a União bloqueou na Justiça a transferência das contas do Besc para o Bradesco.

Henrique informou ontem que já foi acertada uma solução para esse impasse. O BB irá pagar R$ 210 milhões pela folha de pagamento do funcionalismo, a título de adiantamento, assim que for fechado o contrato de incorporação do Besc. Posteriormente, será feita uma avaliação técnica para determinar o real valor da folha de pagamento.

O governador de Santa Catarina - que ontem se reuniu com o ministro da Fazenda, Guido Mantega - disse que a expectativa é que o operação esteja concluída antes de agosto. Neste momento, afirmou, estão sendo feitos dois pareceres, um pelo Banco Central e outro pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

O BC está sendo ouvido por dois motivos: é o regulador do sistema financeiro e também o responsável por privatizar os bancos que aderiram ao Proes. A CVM está sendo consultada porque a incorporação deverá envolver a troca de ações de duas empresas com capital aberto, com acionistas minoritários.

"Os pareceres do BC e da CVM serão acelerados para que, no máximo, em 15 dias estejam prontos", disse o governador. "Depois que os pareceres forem concluídos poderemos caminhar para a definição final da incorporação do Besc."

Um dos aspectos que ainda não estão completamente definidos é como as operações do Besc vão se juntar às do BB após a incorporação. Os funcionários do Besc e parlamentares catarinenses pressionam o governo para que a instituição seja mantida como um banco independente no conglomerado BB. Já o BB não abre mão de fazer ajustes para evitar que os dois bancos operem com estruturas duplicadas. Uma boa parte das agências do Besc está localizada a menos de dois quarteirões de pontos de entendimento do BB.