Título: Estimativa para IPCA abre espaço para corte de juro
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 29/06/2007, Brasil, p. A3

As projeções de inflação do Banco Central voltaram a melhorar e estão dentro dos objetivos perseguidos pela política monetária, mostra relatório trimestral de inflação, divulgado ontem pela instituição. A variação do IPCA prevista para 2008 - período com maior peso nas decisões sobre juros - foi reduzida de 4,4% para 4,1% no chamado cenário de referência, que pressupõe a taxa Selic estável em 12% ao ano e uma taxa de câmbio de R$ 1,95.

A projeção de inflação está confortavelmente dentro da faixa que o Conselho Monetário Nacional (CMN) definiu como alvo para a política monetária de 2007 a 2009, entre 2,5% e 4,5%. Essa é uma indicação de que, em tese, há espaço para novos cortes na taxa básica de juros.

As projeções divulgadas no relatório de inflação mostram que o BC poderia até cortar os juros básicos em proporção muito próxima à esperada pelo mercado sem comprometer o cumprimento das metas de inflação. Os analistas privados esperam que a Selic chegue a uma média de 10,98% no último trimestre deste ano, e de 10% no último trimestre de 2008. Nesta hipótese, segundo as projeções do BC, a inflação de 2008 ficaria em 4,6%, pouco acima do intervalo perseguido pela política monetária. Houve melhora em relação aos 5% projetados em março passado.

Para 2007, o BC reduziu de 3,8% para 3,5% a projeção no cenário de referência (que pressupõe juros em 12% ao ano), e de 4% para 3,5% no cenário de mercado. A melhora se deve à valorização da taxa de câmbio e a revisão para baixo nas projeções para os preços administrados (de 4,5% para 3,6% em 2007, e de 5,6% para 4,5% em 2008)

As projeções de inflação acima contemplam o chamado cenário básico do BC, que assume algumas premissas, como relativa tranqüilidade no cenário internacional. O relatório alerta, porém, que há riscos para a concretização desse cenário, por isso avisa que o afrouxamento monetária será feito com parcimônia.

O documento diz que a demanda agregada já se expande a taxas robustas e pondera que, embora haja indicações de que as importações e o aumento da capacidade produtiva vão evitar desequilíbrios, ainda há incertezas relevantes. "A expansão do nível de emprego e da renda e o crescimento do crédito continuarão impulsionando a demanda agregada", diz o relatório. "A esses fatores devem ser acrescidos os efeitos das expansão dos gastos correntes e das transferências governamentais, bem como outros impulsos fiscais."