Título: Rio Bravo cria novo fundo para aplicação exclusiva no Nordeste
Autor: Cruz, Patrick
Fonte: Valor Econômico, 19/06/2007, Finanças, p. C8

A Rio Bravo vai lançar no próximo mês um fundo de participação para investir exclusivamente em empresas nordestinas de médio porte ou em companhias que pretendem se instalar na região. O fundo, em fase final de ajustes, já captou R$ 105 milhões e tem pelo menos duas empresas definidas para receber o aporte financeiro.

Este não será o primeiro fundo voltado exclusivamente ao Nordeste da Rio Bravo Investimentos, gestora que tem como sócios o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, e Winston Fritsch, ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.

Em 2002, a gestora criou o Nordeste 1, que captou R$ 20 milhões e investiu em quatro empresas, nas quais ainda permanece.

A primeira experiência, no entanto, foi uma espécie de "fundo-protótipo" para que o mercado nordestino pudesse ser avaliado, diz Fernando Buarque, diretor da Rio Bravo na região e gestor tanto do primeiro quanto do segundo fundo, batizado de Nordeste 2. O investimento médio em cada empresa na primeira experiência foi de R$ 4 milhões.

Agora, o foco será dado a companhias com faturamento entre R$ 20 milhões e R$ 100 milhões e o volume médio dos aportes ficará entre R$ 8 milhões e R$ 15 milhões. "Temos dois projetos praticamente fechados, mas as conversas já ocorreram com pelo menos 80 empresas", diz Buarque. Caso se concretizem, os dois primeiros desembolsos serão em companhias dos setores de turismo e alimentos.

O interesse da gestora pelo Nordeste acentuou-se porque empreendimentos das regiões Sul e Sudeste "estão razoavelmente bem atendidos" pelos fundos de participação, diz Buarque. "E, por isso, projetos que às vezes nem são tão bons acabam recebendo recursos. No Nordeste, pode-se encontrar mão-de-obra qualificada em empresas com custo mais acessível", afirma.

No primeiro fundo voltado a empresas nordestinas, a Rio Bravo captou recursos, entre outros, com BNDES, Banco do Nordeste (BNB), Sebrae, Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e Desenbahia, a agência de fomento do governo baiano.

Boa parte do mesmo grupo de investidores participará do Nordeste 2, mas o novo fundo terá agora o reforço de fundos de pensão. Como ainda não há permissão para revelar os nomes, Buarque limita-se a dizer que as fundações estão "entre as maiores do mercado".

Fundos de participação setoriais, como os de tecnologia, são mais usuais no Brasil que os que têm regiões geográficas como foco para prospecção de negócios. Em janeiro de 2003, o Pactual lançou o seu Nordeste Empreendedor, também voltado a companhias da região.

A gestora carioca Mercatto Venture Partners (MVP) tinha um fundo voltado a empresas de tecnologia do Rio de Janeiro.

MVP e Rio Bravo uniram-se no início do ano passado, o que reforçou a atuação da Rio Bravo na seara dos fundos de "venture capital", que compram participações em companhias de pequeno porte. O resultado da fusão criou um fundo com patrimônio de R$ 100 milhões e que, segundo os planos revelados após a união, pretende-se elevar para R$ 300 milhões até 2009.