Título: Compra de participações, somente por meio de fundos ou certificados
Autor: Catherine Vieira e Carolina Mandl
Fonte: Valor Econômico, 17/01/2005, Empresas &, p. B1

Com o desenvolvimento de novos instrumentos financeiros de acesso aos empreendimentos imobiliários, muitos fundos de pensão já descartam a possibilidade de voltar às compras de participações imobiliárias da maneira tradicional, ou seja, a compra direta. A Petros, por exemplo, avalia que os preços dos ativos imobiliários ainda estão atrativos, mas, segundo Ricardo Malavazi, diretor de investimentos do fundo - o segundo maior do país - novas compras diretas estão descartadas. "Temos interesse no setor, mas os investimentos daqui para a frente somente serão feitos via fundos imobiliários e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs)", afirma ele. É o caso da Funcesp, que quer trocar toda sua carteira de R$ 233,5 milhões por CRIs e Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs). "Queremos fazer o papel de investidores apenas, não de incorporadores", explica Francisco de Augustinis, gerente de investimentos imobiliários da Funcesp. Os FIDCs e os CRIs, na visão dos gestores, minimizam riscos e são mais transparentes. A principal vantagem dos CRIs, por exemplo, é a garantia de uma rentabilidade. O risco que o investidor corre é o de crédito, como em outros papéis de renda fixa. Segundo Malavazi, a Petros também quer reestruturar sua carteira, mas sem a venda de ativos. "O que queremos é otimizar a gestão de algumas participações, como nos shoppings, por exemplo", explica o diretor. Segundo ele, os shoppings são investimentos muito diferente de demais imóveis, porque demandam muita gestão ativa. "Não é simplesmente fazer um bom contrato de locação, demanda uma série de estratégias, campanhas de marketing etc. Pensamos em concentrar toda essa gestão numa área ou num gestor terceirizado, de maneira a otimizar isso", afirma. Mas além de comprar mais títulos lastreados em ativos imobiliários, alguns fundos querem transformar atuais e futuros investimentos físicos em papéis. A Fundação Eletros cogita estruturar uma operação com CRIs para a aquisição de uma sede que seria locada à patrocinadora Eletrobras. A Funcesp pensa em transformar alguns shoppings em CRIs. Para Fábio Nogueira, diretor da Brazilian Mortgages, os fundos de pensão estão começando a aceitar melhor essas novas ferramentas. "Hoje, os fundos já demonstram interesse efetivo nos CRIs. Neste ano este mercado deve passar por um grande crescimento, em função de uma série de mudanças positivas no arcabouço regulatório." Só neste ano, a Comissão de Valores Mobiliários está analisando a emissão de R$ 426,7 milhões em CRIs. Em 2004, foram registrados R$ 403 milhões. "A grande vantagem dos CRIs é a liquidez deles, que podem ser negociados no mercado secundário", afirma Luciano Lewandowski, diretor da GP Investimentos. (CV e CM)