Título: Mercado sente a falta de grandes investidores
Autor: Catherine Vieira e Carolina Mandl
Fonte: Valor Econômico, 17/01/2005, Empresas &, p. B1

Ao redor da Berrini, uma das principais avenidas de São Paulo, é possível perceber a importância dos fundos de pensão para o mercado imobiliário. Edifícios como a Torre Norte, World Trace Center, Robocop e a atual sede da Nestlé no Brasil foram todos construídos com recursos dessas entidades. Além de importantes shoppings da cidade, como Market Place e Iguatemi, que também foram obras financiadas pelos fundos. Assim, diante da decisão de alguns fundos de vender diversos ativos ou até não mais investir em imóveis, resta a pergunta: como ficará o mercado imobiliário se os recursos injetados pelos fundos de pensão ficarem mais escassos? Quem os substituirá? De acordo com Paul Weeks, diretor da consultoria imobiliária Cushman & Wakefield no Brasil, por enquanto, ninguém ocupou este espaço. "O mercado está parado no que diz respeito a novos investidores", explica o executivo. Segundo ele, num primeiro momento, as pessoas físicas substituíram uma parcela desses investimentos, comprando quartos de hotéis e até lajes de edifícios corporativos. Mas desde 2003 esses investidores ficaram ressentidos com o baixo retorno - em alguns casos prejuízos - dados diante da uma superoferta de empreendimentos em São Paulo. "Vejo a entrada de investidores estrangeiros como uma saída para o mercado imobiliário. Mas aí o Brasil está concorrendo com o resto do mundo", diz Weeks. Para Odair Senra, diretor da construtora e incorporadora Gafisa, o cenário também não é muito animador. "Ninguém substituiu o fundo de pensão. É por isso que quase não se vê mais grandes lançamentos imobiliários comerciais", afirma. Mas nem tudo pode estar perdido. A GP Investimentos Imobiliários, que estrutura operações financeiras com imóveis, acredita que esse movimento dos fundos não é definitivo. "Não dá para dizer categoricamente que eles estão saindo. Parece ser uma readequação de carteira" diz Jorge Nuñez, diretor da GP. Segundo Nuñez, os imóveis são um investimento como outro qualquer: se procurar bem, sempre haverá boas oportunidades. (CV e CM)