Título: Indústria e agricultura puxam alta do emprego com carteira
Autor: Salgado, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 21/06/2007, Brasil, p. A3

O emprego formal continua a crescer com força no país. Em maio, foram geradas 212,2 mil vagas, valor 6,7% acima do saldo apurado no mesmo mês do ano passado. Neste ano, o saldo entre admitidos e demitidos com carteira de trabalho assinada chega a 913,8 mil, o que indica que o emprego subiu 3,1% em relação ao final de 2006. O acumulado até maio de 2007 bateu o recorde do mesmo período de 2004, quando a geração de vagas foi de 826,7 mil.

O bom desempenho do mês passado foi fortemente influenciado pelo comportamento da indústria de transformação e do setor agropecuário. A agricultura contratou 80.340 pessoas em maio, o que resultou em uma elevação de 46,8% em relação a igual mês do ano passado. Em relação a dezembro de 2006, o incremento foi de 5,24%.

Já a indústria de transformação, entre demissões e admissões, encerrou o mês com saldo positivo de 57,5 mil vagas. Em maio de 2006, foram 48,7 mil vagas. Dentro desse setor de atividade, o destaque positivo ficou com a indústria de material de transporte e de produtos alimentares e bebidas.

Por outro lado, a indústria calçadista, que vinha mostrando recuperação desde o fim do ano, derrapou em maio e teve um saldo negativo de 1,1 mil vagas. No ano, entretanto, o setor acumula elevação de 4,7% em relação ao fim de 2006. É uma indicação de recuperação, pois no mesmo período do ano passado, a alta acumulada era de 2,3%. O movimento verificado em maio para a indústria de calçados pode ser algo pontual, explica Fábio Romão, economista da LCA Consultores. Para ele, é preciso acompanhar a evolução nos próximos meses para ter uma idéia melhor de qual a tendência do setor.

Carlos Lupi, ministro do Trabalho, para quem os números do emprego continuam forte, acredita que 2007 poderá ser o melhor ano da história do país no que diz respeito à geração de empregos com carteira assinada. Ele lembrou que a queda em relação a abril, quando foram geradas 301,9 mil vagas, acima das 212,2 mil de maio, ocorreu por conta de efeitos sazonais e pelo fato de abril ter sido um mês acima das expectativas.

Os cálculos de Romão confirmam o impacto da sazonalidade. Quando se descontam os efeitos sazonais, entre abril e maio, houve uma leve alta de 0,43% em maio na comparação com abril, e não a queda de 10% mostrada pelos dados sem esse tratamento estatístico.

O economista, entretanto, ainda não aposta que o resultado ao fim deste ano será melhor do que o de 2004. Suas projeções apontam para um saldo entre admitidos e demitidos na casa de 1,45 milhão de vagas, abaixo do 1,52 milhão gerado no ano de 2004.

A indústria de transformação e a agricultura devem continuar como a mola propulsora do emprego neste ano. Além do segmento de material de transporte, os de metalurgia e mecânica também estão com expansões robustas, impulsionadas pelo aumento de máquinas, reflexo do maior investimento das empresas.

Se, por um lado, os resultados da indústria e da agropecuária estão acima do esperado, a construção civil e o comércio apresentam números positivos, mas não tão robustos quando os estimados pela consultoria.

Em maio, na comparação com abril, e segundo dados com ajuste sazonal, o emprego na construção civil cresceu 0,48%, um ritmo mais fraco do que as variações observadas em abril (1,35%) e em março (1,07%). "A trajetória do emprego nesse ramo ainda não se firmou, os dados estão muito voláteis", diz Romão.