Título: Promessas em São Paulo e no Rio
Autor: Resende, Elaine
Fonte: Correio Braziliense, 02/01/2011, Política, p. 14

Cerimônias de posse do governador fluminense, Sérgio Cabral, e do paulista, Geraldo Alckmin, são marcadas por discursos enfáticos. Tucano acena alinhamento com o governo federal, enquanto peemedebista focará a questão da segurança pública

Redução da desigualdade

Belo Horizonte ¿ O governador reeleito de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), tomou posse por volta das 15h de ontem, na Assembleia Legislativa. Em rápida entrevista, ele destacou que se inicia no estado uma ¿terceira etapa de gestão¿, voltada para a cidadania. A primeira fase, concluída pelo ex-governador Aécio Neves (PSDB), teria sido dedicada ao equilíbrio das contas, o chamado ¿choque de gestão¿. A segunda etapa ¿ ainda com Aécio e Anastasia como vice ¿, à apresentação dos resultados para a população. Agora, o momento seria de reduzir as desigualdades sociais.

Anastasia, que assumiu o Palácio da Liberdade em março de 2010, logo após Aécio Neves deixar a cadeira para disputar a eleição ao Senado, também disse que, mesmo sendo de um partido de oposição ao da presidente Dilma Rousseff, preservará a harmonia já conquistada, segundo ele, na relação entre Aécio e Luiz Inácio Lula da Silva. ¿A relação será a melhor possível. Dilma é mineira e fará um bom governo¿, comentou.

Depois de empossado, o governador fez um pronunciamento de cerca de 25 minutos, ressaltando a integridade e a história de lutas do estado. Apesar de ter primado por um discurso sem ataques, lembrou que o país necessita, com urgência, da votação de reformas que facilitem a gestão pública. Entre elas, a reforma tributária. ¿Não alcançaremos o desenvolvimento diferenciando estados e cidades. Só avançaremos fazendo o Brasil crescer como um todo¿, afirmou.

O tucano ainda classificou Aécio Neves de ¿companheiro leal, amigo e homem de Minas¿. O apoio do ex-governador foi decisivo para a eleição de Anastasia, que começou a campanha em segundo lugar nas pesquisas e conseguiu vencer ainda no primeiro turno, alavancado pela popularidade de Aécio. Governo de "consolidação¿

Aline Moura Júlia Schiaffarino

Recife ¿ Recebido por caboclos de lança e ao som de Asa branca, de Luiz Gonzaga, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), tomou posse pela segunda vez, no plenário da Assembleia Legislativa. Levou consigo o peso de 3,4 milhões de votos e a promessa de ¿consolidar o ciclo de desenvolvimento jamais visto¿ no estado. Eram pouco mais de 10h quando ele rubricou o documento que deu início, oficialmente, ao seu segundo mandato. ¿A vitória é desafiadora e nos confere um modelo de gestão inovador, que prestigia o estado do fazer, aproximando-o dos que mais precisam¿, discursou.

A cerimônia de posse foi rápida e simples. Não houve a mesma comoção de 2006, quando o socialista recebeu o governo das mãos de Mendonça Filho (DEM) e foi recepcionado por uma multidão em frente ao Palácio do Campo das Princesas. Mas o governador ficou visivelmente emocionado na Assembleia, diante de políticos, familiares e amigos. Chegou a embargar a voz e a ficar com os olhos cheios de lágrimas ao fazer os agradecimentos pela reeleição.

No discurso de 11 páginas, Eduardo Campos incluiu versos de pessoas importantes em sua vida ¿ como o pai, Maximiano Campos; e o avô, o ex-governador Miguel Arraes ¿, fez um balanço da gestão passada e assumiu os compromissos para o futuro, sem se esquecer de agradecer ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ¿um fiel aliado¿, e de garantir o apoio à nova chefe do Executivo nacional, Dilma Rousseff. ¿Tiramos Pernambuco do pódio do desemprego, da violência e dos piores indicadores sociais. Recuperamos o direito de Pernambuco ter futuro¿, frisou. Em outubro, Campos foi o governador que teve o maior percentual de votos no país: 82%.

Posses na madrugada

Preocupados em chegar a Brasília a tempo de acompanhar a transmissão da faixa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva para Dilma Rousseff, vários governadores eleitos anteciparam ao máximo as cerimônias de posse em seus estados. Alguns assumiram o mandato nos primeiros minutos de 2011, como Tião Viana (PT-AC), empossado à 0h40 (hora local). Mais jovem governador do país, Camilo Capiberibe (PSB-AP), 39 anos, também ascendeu ao poder no começo da madrugada. Reeleita, a solenidade de Roseana Sarney (PMDB-MA) ocorreu às 2h (horário de Brasília).

O começo da manhã foi marcado por cerimônias rápidas e quase simultâneas pelo Brasil. A solenidade de André Puccinelli (PMDB), reeleito em Mato Grosso do Sul, durou apenas 20 minutos. Marcelo Déda (PT-SE), Renato Casagrande (PSB-ES) e Silval Barbosa (PMDB-MT) também foram empossados bem cedo.

Na manhã marcada por rápidos discursos, Cid Gomes (PSB), reeleito no Ceará, foi uma das exceções, lendo um texto de 61 páginas por mais de meia hora. Quem também se alongou foi o governador reeleito da Bahia, Jaques Wagner (PT): seu discurso durou 40 minutos.

No Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) prometeu diálogo com a oposição, transparência, crescimento econômico e combate à corrupção. Após receber o cargo, saudou os cerca de 150 militantes que festejavam a volta do PT ao governo gaúcho após oito anos.

Entre os que não compareceram à posse de Dilma por serem empossados à tarde estão Omar Aziz (PMN-AM), Ricardo Coutinho (PSB-PB) e Confúcio Moura (PMDB-RO). Submetido a uma cirurgia na semana passada, Wilson Martins (PSB-PI) também não viajou a Brasília.

No Paraná, Beto Richa (PSDB) cobrou, em seu discurso, um bom tratamento por parte do governo federal. Em Goiás, Marconi Perillo (PSDB) tomou posse alfinetando o antecessor, Alcides Rodrigues (PP), decretando o fim do ¿tempo da preguiça¿. No Pará, Simão Jatene (PSDB) voltou ao governo ao derrotar Ana Júlia Carepa (PT), que disputou a reeleição. A petista foi recebida com vaias pela multidão e ficou menos de cinco minutos no palanque.

Outros cinco governadores da oposição assumiram o poder ontem: Rosalba Ciarlini (DEM-RN), Raimundo Colombo (DEM-SC), Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL), José de Anchieta Júnior (PSDB-RR) e Siqueira Campos (PSDB-TO).