Título: Marco Aurélio e Paulo Bernardo defendem dízimo petista
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 21/06/2007, Política, p. A12

O assessor especial da Presidência, Marco Aurélio Garcia e o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, defenderam ontem o reajuste de até 140% do salários dos funcionários de cargos de confiança do Executivo Federal.

Eles rebateram os ataques da oposição, que alega que o reajuste beneficia o PT, já que os petistas filiados são obrigados a pagar um dízimo ao partido. O Democratas ameaça ir na Justiça questionando o reajuste. "Sinceramente, eu acho penoso ter que ouvir esse tipo de argumento de partidos da oposição. Isso é uma coisa ridícula", atacou Marco Aurélio.

"Dou meu dinheiro para quem quiser", disse o assessor especial, que também é vice-presidente do PT. Marco Aurélio Garcia afirmou que é positivo todos saberem a forma de financiamento do PT e insinuou que outras legendas teriam maneiras pouco transparentes de financiamento. "Se outros partidos têm outras formas de financiamento, o problema é deles; o financiamento do PT é feito pelos seus militantes", disse.

Marco Aurélio acrescentou que pagava para o PT antes de estar no governo, paga agora que está no governo e vai continuar pagando quando sair. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, afirmou que seu desconto é feito diretamente na conta corrente e não, no contracheque de ministro. "Tenho até que dar uma olhada se eles não estão descontando demais", brincou Bernardo.

Sobre o reajuste, o ministro do Planejamento afirmou que, à exceção de pequenos reajustes concedidos no início do primeiro mandato de Lula, a grande maioria dos DAS não teve aumento desde 1998. "Tínhamos de fazer essa reprogramação. E não fizemos nada de última hora, colocamos recursos no Orçamento prevendo esse reajuste".

Paulo Bernardo também demonstrou tranqüilidade ao comentar a ida do Ipea para a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, comandada pelo professor Roberto Mangabeira Unger. O decreto que transfere o Ipea do Ministério do Planejamento para a nova Pasta ainda não foi publicado. Mas o petista não teme uma partidarização do Instituto. "O Ipea é blindado pela sua própria reputação. Politizar o Ipea é como tentar politizar o IBGE. Quem tentar isso, vai dar com os burros n ? água". Perguntado se estava triste com a "perda" do Ipea, Bernardo foi político. "O Instituto não é do Planejamento, ele é do Estado".