Título: Banco do Brasil estimula contratação de seguro rural
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 21/06/2007, Agronegócios, p. B12

Fiel à estratégia de estimular a proteção contra flutuações de preços agrícolas, o Banco do Brasil ampliará no próximo ano-safra 2007/2008, que começa em 1º de julho, o "hedge" contra problemas climáticos para todos os Estados do Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. A medida, que complementará o Plano de Safra do governo, será estendida aos produtores de arroz, algodão e trigo. A cobertura desse seguro rural também será elevada para percentuais acima da média de produtividade apurada pelo IBGE nos principais municípios produtores brasileiros.

A vinculação da concessão de financiamentos de custeio ao uso do seguro foi iniciada, em projeto-piloto na atual safra 2006/2007, apenas com produtores de soja e milho de São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A iniciativa deu certo e o capital segurado chegou próximo a R$ 1 bilhão.

Com as alterações, o Banco do Brasil estima elevar esse volume a R$ 3,5 bilhões. "Tivemos muito êxito com essa medida. Foi uma nova fase do crédito rural. Por isso, vamos ampliar o seguro", informou o vice-presidente de Agronegócios e Governo do BB, Derci Alcântara, ao Valor.

Os Estados beneficiados com a medida são responsáveis por 90% da produção estimada de grãos, fibras e cereais do país - ou um volume de 117 milhões de toneladas. Hoje, o banco opera 350 mil contratos anuais. O seguro rural garantirá renda suficiente ao produtor para pagar os empréstimos de custeio da produção em caso de sinistros superiores a 50% de perda. O sistema do BB não autorizará operações sem o amparo dessa garantia adicional. A adesão ao seguro rural continuará a ser incentivada por meio de subsídios ao prêmio das apólices. O BB estima uma necessidade de R$ 200 milhões à subvenção. O percentual varia de 30% a 60% do prêmio, de acordo com a cultura e a região de produção. O orçamento total para este ano soma, por enquanto, R$ 99,5 milhões.

O Banco do Brasil também lançará, pela primeira vez, contratos de opção referenciadas em mercados futuros para milho, soja e café. Alcântara estima negócios de R$ 500 milhões ao longo da próxima safra. Hoje, o BB atua nas bolsas de futuros por meio de corretoras. Com as opções, passará a travar os preços futuros ao conceder o crédito de custeio em suas próprias agências.

O BB estima elevar de 12 mil para 25 mil as operações de futuros neste ano. "A mudança será gradativa, mas evitará quedas bruscas de rentabilidade", diz Derci Alcântara. "Quando não tiver liquidez na BM&F, faremos na Bolsa de Chicago". O novo serviço seguirá as regras dos contratos de opção privada de pagar a diferença entre o preço fixado e cotação do dia do produto. Não haverá transação em mercadorias. Hoje, apenas o Ministério da Agricultura oferece a proteção. Por limitações orçamentárias, têm alcance um reduzido e localizado.

A aposta do BB no hedge rural via mercados futuros é alta. O banco já treinou 800 funcionários na área e comprou um software (roteador de ordens) que oferecerá os serviços diretamente ao produtor via internet.

A instituição também anunciou alterações nas regras do Fundo Constitucional do Centro-Oeste (FCO), cujo tempo médio de liberação de recursos deve cair de 93 para 30 dias neste ano-safra. Derci Alcântara estima emprestar R$ 1,2 bilhão no período - em 2006/2007, foram R$ 746 milhões. "Vamos ter uma área especializada aqui em Brasília para analisar os pedidos dos produtores", informou Alcântara. Segundo Alcântara, isso "agilizará" os procedimentos. (MZ)