Título: Mercado de cartões atrai Armínio Fraga
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 21/06/2007, Finanças, p. C1

O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga resolveu investir no setor de cartões, um dos que mais cresce no país. A Gávea Investimentos, gestora que tem Fraga como sócio, comprou 25% da Policard, empresa de meios de pagamentos eletrônicos com sede em Uberlândia (MG). O valor da operação não foi revelado.

Além da Gávea, a Monashees Capital, gestora de fundos de venture capital (carteiras que compram participação em empresas), ficou com outros 5% da Policard. Entre os sócios da gestora estão Fabio Igel, do Grupo Ultra.

O plano da Policard é abrir o capital até 2010. Antes disso, pretende crescer aceleradamente, contou ao Valor seu presidente, Humberto Carneiro. A meta é chegar a faturamento de R$ 1 bilhão nos próximos três anos. Em 2007, deve ter R$ 500 milhões. No ano passado, os cartões da Policard movimentaram R$ 385 milhões, expansão de 160% em relação a 2005.

A empresa aposta nas classes C, D e E para crescer. Pelos cálculos de Carneiro, há um mercado de 75 milhões de brasileiros para ser trabalhado. São pessoas que têm condições de ter um cartão, mas por não terem conta em banco ou nível salarial mais alto, acabam não tendo acesso aos produtos dos bancos. "Nosso objetivo é incluir os excluídos", diz.

O contrato com a Gávea e a Monashees foi assinado dia 12. As negociações levaram seis meses. Mas segundo Carneiro, "com duas conversas", ele conseguiu mostrar o potencial da empresa para as gestoras. O resto do tempo foi gasto nos acertos burocráticos e legais, que ficaram por conta dos escritórios de advocacia Pinheiro Neto e Mattos Filho.

Carneiro conta que a idéia inicial era vender 10% do capital da empresa. Mas por causa do interesse do mercado, ele aumentou a fatia. Segundo o executivo, mais que o dinheiro captado, a possibilidade de ter sócios de peso, do porte de Armínio Fraga, foi o que o motivou a vender parte da empresa.

A Policard pertence a um grupo formado há mais de 30 anos no Triângulo Mineiro para atuar na área pecuária. O grupo foi diversificando as atividades e em 1995 criou a empresa de cartões. Hoje tem 2 milhões de cartões e 25 mil estabelecimentos credenciados.

Há um ano, a Policard resolveu participar de licitações públicas e venceu, entre outras, disputas para atender companhias de abastecimento de água e esgoto de vários Estados. Chegou a ganhar uma licitação dos Correios, mas acabou sendo desqualificada e levou a questão para Justiça.

A Policard tem, entre outros produtos, cartões de benefícios (alimentação e refeição), de loja ("private label") e cartão combustível. Seu principal diferencial é ser tudo: bandeira, emissora, processadora e administradora de cartões. Segundo Carneiro, isso garante maior eficiência.

Já a Gávea Investimentos tem diversificado suas aplicações. Primeiro foi no varejo, com a participação na compra da rede do McDonald's. Também entrou na área de entretenimento, com aquisição de uma fatia da CIE, dona do Credicard Hall, casa de shows de São Paulo. Ao Valor, a Gávea confirmou a compra de 25% da Policard, mas preferiu não comentar a operação.