Título: Sindicalista critica companhias aéreas à CPI
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 20/06/2007, Política, p. A10

A presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Selma Balbino, fez duras críticas às empresas aéreas brasileiras em depoimento prestado na manhã de ontem à CPI do Apagão Aéreo da Câmara dos Deputados. A sindicalista falou por três horas aos parlamentares e centrou suas revelações na forma como a Gol e a TAM tratam seus funcionários. Sobrou também para Infraero. Selma denunciou o excesso de terceirização na estatal.

"Tem empresa que diz ser um modelo de gestão e não é. Das últimas empresas do país, a única que respeitava os trabalhadores era a Varig. Ainda assim, foi a base de muita luta do sindicato", disse Selma. Ela condenou duramente a terceirização de funcionários. "De 2001 a 2006, morreram cinco funcionários nos aeroportos do país. Todos eram terceirizados. E as famílias não receberam qualquer indenização", revelou.

Sobre os terceirizados, Selma fez, inclusive, uma denúncia. Ela revelou que os agentes de proteção da aviação civil, responsáveis por inspecionar as bagagens dos passageiros, são quase todos terceirizados. E recebem R$ 668 mensais. "Isso é muito grave", comentou o presidente da CPI, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI). Esses agentes são os responsáveis por detectar se há algo de estranho nas bagagens. Caso encontrem algo suspeitos, chamam a Polícia Federal.

Selma também criticou o tratamento dado pela Gol e pela TAM aos funcionários que prestam serviço nas pistas dos aeroportos: "A legislação proíbe que funcionários dessas funções dobrem a carga horária. Mas temos casos de trabalhador que dobra e até triplica o turno. A Gol e a TAM fazem isso".

"Temos registro de que a Gol fez um contrato individual de hora extra. É uma empresa anti-sindical, que é muito agressiva sobre os trabalhadores" disse a presidente do sindicato. "Contrato individual de hora extra? Mas isso é novo, hein", comentou o relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), que tem origem na Central Única dos Trabalhadores (CUT).

Em nota, a TAM refutou as acusações da sindicalista: "As eventuais jornadas extraordinárias de trabalho dos funcionários são remuneradas de acordo com o estabelecido nas Convenções Coletivas de trabalho pactuadas com os sindicatos de trabalhadores". E garante que isso só ocorre "em situações atípicas e que fogem à normalidade da operação".

Vários deputados demonstraram preocupação com o serviço prestado pelas empresas. (TVJ)