Título: Estudo do setor aponta os gargalos automotivos
Autor: Olmos, Marli
Fonte: Valor Econômico, 20/06/2007, Empresas, p. B9

Amanhã a direção do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes Automotivos (Sindipeças) terá em mãos um estudo atualizado com um mapa detalhado dos gargalos que podem impedir a cadeia automotiva de continuar crescendo em ritmo acelerado.

Boa parte dos fornecedores tem sido estimulada pelas montadoras a procurar terrenos para expandir a produção. Ao contrário dos fabricantes de carros, que contam com flexibilidade de instalações, muitas empresas de autopeças já alcançaram o limite.

Um esboço desse estudo, feito em março, foi apresentado à ministra da Casa Civil, Dilma Roussef, que solicitou detalhamento. O pedido de Dilma foi prontamente atendido porque a indústria de autopeças pretende contar com ajuda do governo federal para obter linhas de financiamento com recursos do BNDES.

A indústria automobilística produziu 2,6 milhões de veículos em 2006. A produção prevista para este ano deverá passar de 2,8 milhões. Com base em projeções para 2010, o presidente da Fiat, Cledorvino Belini, estima que o Brasil alcançará a produção anual de 3 milhões de veículos em três anos.

Os cálculos do executivo indicam que até lá a produção na Argentina chegará a 1 milhão de unidades. "Se o câmbio melhorar poderemos ter ainda mais um milhão de veículos exportados", afirma o executivo, concluindo em 5 milhões a produção das montadoras do Brasil e Argentina daqui a três anos. "Para que a indústria automobilística consiga expandir a produção é preciso eliminar os gargalos no parque dos fornecedores", afirma Belini.

As montadoras conseguem se ajustar ao crescimento melhor do que os fornecedores porque contam com mais capacidade. A própria Fiat decidiu usar as instalações da Argentina para desafogar a fábrica de Betim (MG), que já está no limite.

As empresas de autopeças que formam o grupo Fiat estão na lista das que pretendem ampliar a capacidade de produção para não perder contratos. Esse movimento em busca de novos espaços agitou a região que circunda a linha de montagem da Fiat.

A prefeitura de Betim anunciou que já colocou à disposição da montadora italiana duas áreas para a construção de uma segunda fábrica. Mas a Fiat classificou como "inócua" a oferta da prefeitura de Betim.

As exportações de veículos somaram 842,8 mil unidades em 2006. Devem cair este ano por conta da valorização do real. Parte das montadoras têm postergado medidas como criação de terceiro turno em algumas fábricas porque imaginam que a queda nas exportações ainda poderá compensar o crescimento no mercado interno, que já está em 24% no acumulado até maio. Ao mesmo tempo percebem que chegou o momento de se prepararem para o crescimento.

Segundo os representantes da indústria de autopeças, o setor precisa investir no mínimo R$ 2 bilhões nos próximos 12 meses para ampliar a capacidade e atender o crescimento da produção de veículos. As primeiras pesquisas realizadas entre as autopeças para elaborar o estudo indicaram que os maiores problemas de fornecimento vêm de peças em borracha, plásticos e fundidos. (Colaborou Ivana Moreira, de Belo Horizonte)