Título: Caramuru amplia o transporte de grãos por hidrovia
Autor: Bouças, Cibelle
Fonte: Valor Econômico, 20/06/2007, Agronegócios, p. B14

A Caramuru Alimentos, que nos últimos dez anos fez investimentos de R$ 100 milhões para ampliar a sua capacidade de transporte de grãos por hidrovias e ferrovias, registrou recorde de movimentação de soja pela hidrovia Tietê-Paraná na safra 2006/07, totalizando 900 mil toneladas de produtos, ante 600 mil no ciclo anterior. A empresa também elevou o transporte de produtos por ferrovia desde Pederneiras até o porto de Santos para 600 mil toneladas na atual safra, ante 400 mil toneladas em 2005/06. Nesse trecho, o transporte é feito pela MRS Logística.

César Borges de Sousa, vice-presidente da Caramuru, observa que dos 1,2 milhão de toneladas de soja que a empresa exportou na safra, apenas 300 mil foram transportadas exclusivamente por rodovias. "Antes a soja processada em Goiás ia por hidrovia até o porto de Anhembi e de lá seguia por caminhões até o porto de Santos. Agora a maior parte da carga vai por trem desde Pederneiras".

Conforme o executivo, o uso do modelo integrado é de 15% a 20% mais econômico que o transporte rodoviário. Segundo Sousa, a movimentação de uma tonelada de soja por 1 mil quilômetros custa R$ 100 reais por rodovias, R$ 65 por ferrovias e R$ 40 por hidrovia.

A Caramuru, que mantém fábricas em São Simão (GO), Itumbiara (GO) e Apucarana (PR), tem como principais fornecedores de matérias-primas produtores de Goiás, sul do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A empresa, que concentra seu foco em soja não-transgênica, encontrou dificuldades para elevar a rentabilidade.

Isso porque, nessa safra, a empresa começou a pagar aos agricultores prêmio de US$ 0,50 por saca de soja convencional para ter garantia de matérias-primas, dado o avanço do plantio do grão transgênico no país.

O custo para a indústria aumentou, mas os prêmios pagos no exterior mantiveram-se estáveis. "A valorização do real sobre o dólar também continua exercendo um efeito negativo ao exportador", diz. Na safra 2006/07, a Caramuru estima a originação de 1,5 milhão de toneladas, ante 1,38 milhão no ciclo anterior.

No ano fiscal de 2006, a empresa obteve faturamento de R$ 1,186 bilhão, ante R$ 1,3 bilhão em 2005. Sousa observa ainda que o fato de não ter unidades no exterior dificulta à empresa concorrer com as multinacionais, que muitas vezes exportam a soja convencional sem prêmio, processam o grão nas unidades que possuem em outros países e vendem óleo, farelo e lecitina com prêmios melhores. Segundo Sousa, a empresa avalia começar a produzir itens com soja transgênica na próxima safra, caso não haja mudança nos prêmios. A Caramuru também avalia a instalação de uma esmagadora de soja no exterior. Não está descartada a possibilidade de investir em uma unidade na Argentina (que oferece mais vantagens fiscais aos exportadores de grãos que no Brasil) ou outro país das Américas, ou na China.

Em relação à usina de biodiesel, instalada em São Simão e com capacidade para produzir 100 milhões de litros por ano, Sousa diz que a empresa aguarda o recebimento do selo social do governo federal para iniciar a entrega do produto à Petrobras, negociado em leilão. Em abril, a empresa assinou com a Brasilinvest um acordo com o governo do Mato Grosso do Sul para a instalação de duas usinas de biodiesel em Maracaju, cada uma com capacidade para produzir 110 milhões de litros por ano e com investimento estimado em R$ 410 milhões. Ainda na área de energia, a empresa reduziu custos industriais com adoção da queima de bagaço de cana - comprada de usinas da região - nas caldeiras das fábricas de São Simão e Itumbiara.