Título: Em campanha, Cesar Maia diz que faltam qualidades a Lula para governar
Autor: Vanessa Jurgenfeld
Fonte: Valor Econômico, 14/01/2005, Política, p. A6

O prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia (PFL), fez duras críticas ontem ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante visita a Florianópolis (SC). Maia disse que o governo Lula não deixa nada a dever aos piores em matéria de ética e disse que embora Lula seja admirável por sua trajetória, suas qualidades não são suficientes para administrar um país. Citando entrevista de Luiz Fernando Furlan, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, ao jornal "O Estado de São Paulo", em que o ministro criticou a política comercial do governo, Maia disse que todas as críticas do Furlan são rigorosamente as críticas do PFL. "Esta política cambial vai destruir os exportadores", disse. E completou: "O governo está se relacionando com mercados que não existem em vez de procurar os mercados existentes como Europa e Estados Unidos". Pré-candidato do PFL à Presidência da República em 2006, Maia está dando início a campanha em paralelo à administração da Prefeitura do Rio de Janeiro. A campanha, lançada oficialmente este mês, começou por Florianópolis e segue depois pelo Nordeste. O prefeito veio acompanhado do senador catarinense, Jorge Bornhausen, e do senador José Agripino. Além de coletiva à imprensa, participou de uma reunião com a executiva do partido. Segundo Bornhausen, a decisão por lançar candidatura própria foi estratégica, com o objetivo de reunir o partido em torno de um único nome. Maia, no entanto, disse que se algum partido de oposição tiver força maior, "estaremos com ele. Agora se a nossa candidatura é melhor, apostem na nossa". O prefeito do Rio destacou que o governo atual é um governo que se omite. "Lula não comanda o seu governo. Fala o que o assessor de marketing manda ele falar. O improviso do presidente é um falso improviso. Ele vai cativando a população e o país vai afundando", disse. "Estamos vivendo no país um novo tipo de populismo com o governo Lula". Maia também fez questão de criticar o governo de Marta Suplicy (PT) em São Paulo, comparando com o também ex-prefeito Celso Pitta, que deixou dívidas para o sucessor. "O desastre de Marta e de Pitta é praticamente o mesmo". O ministro da Casa Civil, José Dirceu, também não escapou. "José Dirceu nunca administrou sequer botequim". Sobre a saída da senadora Roseana Sarney do PFL, Bornhausen limitou-se a dizer que cada político tem o direito de definir o seu destino. "Quem é oposição tem que exercê-la de forma correta. E quem não quer viver esse papel, então se desliga do partido. Não tenho nenhuma queixa sobre isso. Cada um cuida do seu destino". Perguntado se o partido perde com a saída da senadora, Bornhausen disse que vai primeiro deixar os fatos correrem e depois avaliar qual será o melhor caminho para o PFL do Maranhão. Já Maia afirmou que a aproximação de Roseana com o PT poderá ser importante para sua campanha como governadora. "Não vão lembrar dos episódios artificiais que a condenaram injustamente. Da parte dela é uma manobra política hábil. Só não sei que conseqüência terá para o PT".