Título: Na média, investidor já ganhou 21%
Autor: Vieira, Catherine e Cotias, Adriana
Fonte: Valor Econômico, 20/06/2007, EU & Investimentos, p. D1

Grandes lucros e grandes perdas tem contabilizado o investidor que participou das ofertas públicas iniciais (IPO) neste ano. Há valorizações de até 72,2%, caso da operadora de telefonia GVT, ou prejuízos de até 12%, como o da JBS Friboi. Isso deixa claro que nem todos os lançamentos têm sido bem-sucedidos sob a ótica do aplicador, embora, na média, a valorização de quem comprou todas as novatas seja de 20,6%.

Mas uma estréia com sucesso não significa que o futuro estará garantido. Por isso, os especialistas recomendam cautela na escolha dos novos ativos, principalmente neste momento de mercado para cima. "É preciso ter um filtro, porque o mercado acaba sempre evoluindo dessa forma, com períodos de mais euforia e outros de ajuste", diz o diretor de gestão de renda variável da Rio Bravo Investimentos, Mario Fleck. Para ele, a escolha criteriosa pode minimizar os efeitos negativos no momento em que o mercado começar a separar o joio do trigo.

Enquanto o setor de construção civil ainda vai depender do desenvolvimento do mercado de hipotecas para ganhar musculatura, o ramo de shopping center já tem um histórico para apresentar, avalia o chefe de análise da CMA, Luiz Rogé Ferreira. "São empresas mais consolidadas e que vão se beneficiar do ganho real da massa de salários do consumidor brasileiro", diz. Não é à toa que BR Malls e JHSF acumulam valorização de 58% e 41,3%, respectivamente, desde que aportaram no pregão em abril.

A safra de ofertas de bancos de médio porte também vem ampliar as alternativas num setor até então dominado por gigantes. Segundo cálculos do economista João Salles, da Lopes Filho, o Banco Cruzeiro do Sul pode estrear no fim do mês com uma relação Preço/Valor Patrimonial da ação de 2,7 vezes se os papéis saírem na média do intervalo, a R$ 15,50. Pine e Sofisa têm uma relação de 2,5 e 2,4 vezes, enquanto Bradesco é negociado em 3,8 vezes, Itaú em 4 e Unibanco em 3 vezes.

Os especialistas advertem que num momento em que a liquidez é farta muitas empresas podem acabar se apressando para abrir capital. Isso quer dizer que para tirar proveito da boa fase, podem chegar ao mercado companhias que não estão plenamente preparadas, o que exige atenção redobrada. (AC e CV)