Título: Eleição renova Assembléia e dá maioria a governador
Autor: Santos, Chico
Fonte: Valor Econômico, 26/12/2006, Especial, p. A12

Além de dar ao governador Paulo Hartung uma reeleição consagradora, as eleições de outubro no Espírito Santo marcaram também nova derrota para os setores vistos como comprometidos com o ambiente de irregularidades que levou à formação de uma força tarefa nacional, a pedido do governador, para, no período 2003/2004, executar uma espécie de "operação mãos limpas" no Estado. Segundo o cientista político João Gualberto, na nova Assembléia Legislativa eleita "desapareceram quase todos os remanescentes do quadro anterior".

Dos 30 deputados estaduais eleitos em outubro, 18 são novos. Dos 27 que tentaram a reeleição, 15 perderam. Entre os que ficaram de fora está o deputado estadual Geovani Silva (PSDB), um dos aliados do ex-deputado estadual e presidente da Assembléia Legislativa José Carlos Gratz. Gratz chegou a ser condenado e preso, sob acusação de comandar um esquema de corrupção na Assembléia capixaba que se ramificava por outras esferas do poder público, inclusive no Poder Judiciário.

Segundo avaliação do deputado estadual César Colnago (PSDB), atual presidente da Assembléia Legislativa estadual, dos 30 deputados eleitos para a casa na próxima legislatura, 25 fazem parte da base aliada do governo, o que garante a Hartung tranqüilidade para conduzir seu segundo mandato.

O deputado federal eleito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), afilhado político de Hartung, duas vezes prefeito de Vitória, resume a missão de Hartung no novo mandato: "Gastar bem, investir e melhorar os indicadores de qualidade de vida da população". O próprio governador admite que agora seu desafio é bem maior.

Embora as perspectivas de investimentos no Estado sejam as melhores possível - há uma carteira conservadora de inversões privadas que prevê investimentos de R$ 43 bilhões, mais do que o atual Produto Interno Bruto (PIB) estadual de aproximadamente R$ 40 bilhões, até 2011-, o Estado precisa criar infra-estrutura e preparar mão-de-obra. O risco é de que, por falta de especialização, a população capixaba não aproveite devidamente os efeitos benéficos desses investimentos. Além disso, Hartung disse ter consciência de que o crime organizado no Estado não está morto e que espreita um momento de descuido para mostrar novamente suas garras.

O novo governo poderá contar com quase todas as peças estratégicas que ajudaram no saneamento feito na primeira gestão. Tecnicamente, a baixa mais sentida será a do ex-secretário de Desenvolvimento e Turismo Julio Bueno, responsável pelo esforço de atração de investimentos no setor privado, que vai exercer o mesmo cargo no seu estado natal, o Rio de Janeiro. Para o lugar de Bueno foi escalado outro nome do primeiro time, o ex-ministro do Planejamento Guilherme Dias (governo FHC) que no primeiro governo Hartung foi um dos responsáveis pelo ajuste das contas públicas como secretário do Planejamento. (CS)