Título: BC prevê um crescimento de 20% no volume de crédito bancário este ano
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 22/12/2006, Finanças, p. C2

O Banco Central calcula que o volume de crédito bancário na economia irá crescer 20% em 2006, o que seria o terceiro ano seguido de expansão nesse patamar. Em novembro, o crédito subiu de 32,2% para 33,7% do Produto Interno Bruto (PIB). O chefe-ajunto do Departamento Econômico do BC, Luiz Sampaio Malan, lembra que o crédito cresceu 21,3% nos 12 meses encerrados em novembro, e que não há nada que indique que esse percentual possa cair em dezembro. Os dados parciais de dezembro, que incluem sete dias úteis, apontam um crescimento de 2,5%, comparado a período correspondente do mês anterior. "Estamos vivendo um processo de retomada da economia no quarto trimestre, os investimentos estão crescendo, e isso se reflete no crédito", disse.

Nos meses mais recentes, afirma Malan, os bancos públicos passaram a expandir as suas carteiras de crédito numa velocidade mais elevada do que os privados. Neste trimestre, o avanço da carteira dos bancos públicos é de 6,5%, enquanto os privados nacionais e estrangeiros cresceram 6%. "No começo do ano, os bancos privados vinham crescendo mais rápido, mas nos últimos meses os bancos públicos ganharam a dianteira", afirma.

Em parte, esse crescimento pode ser explicado pelo crédito direcionado, sobretudo rural (especialidade do Banco do Brasil) e imobiliário (a Caixa Econômica Federal tem cerca de 70% desse mercado). Mas os bancos públicos registraram crescimento expressivo no trimestre no financiamento ao comércio (7,4%), indústria (6,8%) e serviços (9,7%). No financiamento a pessoas físicas, os bancos públicos (expansão de 3,5%) ficam atrás nesse trimestre dos bancos privados nacionais (5,2%) e dos bancos estrangeiros (7,3%).

As taxas médias de juros nos empréstimos bancários voltaram a cair em novembro, de 41,2% para 40,7% ao ano. As reduções ocorreram tanto nas taxas médias cobradas de empresas (27,4% para 26,6%) quanto para pessoas físicas (53,1% para 53%).

A queda dos juros, no caso das empresas, reflete a redução dos "spreads" e o repasse da queda dos custos de captação, que diminuíram em virtude do relaxamento da política monetária. No caso das pessoas físicas, a queda - apenas simbólica - nos juros se deve apenas ao repasse de parte da queda da Selic. Os bancos aumentaram o "spread" de pessoa física, ficando com parte dos ganhos da queda da taxa básica de juros.

Malan disse que leva algum tempo para que as quedas na taxa básica cheguem aos juros bancários. Para períodos anteriores, segundo ele, isso já está ocorrendo. A experiência internacional mostra que, no caso dos "spreads", o efeito não é um para um. Ou seja, em outros países o "spread" avança menos do que o corte na taxa básica de juros.

O custo de captação dos bancos, no caso dos empréstimos a empresas, caiu 0,4 ponto percentual (pp) em novembro, de 13,6% para 13,2% ao ano. Mas os juros finais caíram 0,8 ponto percentual, de 27,4% para 26,6% ao ano. A diferença, de 0,4 pp. se refere à redução do "spread", de 13,8% para 13,4%.

No caso das pessoas físicas, a redução no custo de captação foi de 0,3 pp. (de 13,2% para 12,9%), mas a queda dos juros foi de apenas 0,1 (de 53,1% para 53%). O "spread" engordou 0,2 pp., subindo de 39,9% para 40,1%.