Título: Aracruz anuncia lucro de R$ 1,07 bi no ano e estudo para nova fábrica
Autor: Francisco Góes
Fonte: Valor Econômico, 14/01/2005, Empresas &, p. B1

A Aracruz Celulose, que anunciou ontem lucro líquido recorde de R$ 423 milhões no quarto trimestre de 2004 e de R$ 1,07 bilhão no acumulado do ano, poderá tomar a decisão, ainda em 2005, de construir no país nova fábrica para produção de celulose branqueada de eucalipto, apta a produzir 900 mil toneladas. O projeto, que também inclui a formação de florestas, exigiria investimentos de cerca de US$ 1 bilhão, estimou o presidente da empresa, Carlos Aguiar. Ao comentar os resultados, o executivo disse que os estudos sobre para expansão, iniciados em 2004, avançaram e hoje há cinco estados no páreo: Rio Grande do Sul, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia e um estado da região Norte. Aguiar previu que os estudos de viabilidade devem ser concluídos neste semestre, quando a diretoria-executiva poderá submeter o projeto ao conselho de administração da Aracruz. Ele estimou que a decisão final deve ser tomada ainda este ano. Foto: Nelson Perez/Valor

Aguiar, presidente: "Estudo de viabilidade de nova fábrica deve ser concluído até junho e levado ao conselho este ano" Sobre o balanço, Aguiar destacou o volume recorde de produção de celulose, que atingiu quase 2,5 milhões de toneladas em 2004; a receita líquida acumulada no ano, de R$ 3,4 bilhões, 11% acima da de 2003, e o lucro de R$ 1,07 bilhão. O mercado considerou os resultados em linha com as previsões. Mas os analistas de bancos se surpreenderam com o volume de vendas no quarto trimestre, que atingiu 699 mil toneladas, 9% acima do mesmo período de 2003. O volume comercializado pela empresa contribuiu para que a receita líquida do quarto trimestre atingisse R$ 894,2 milhões, 2% acima de igual período de 2003, atenuando em parte o impacto negativo da valorização do real em relação ao dólar na receita da empresa. A Aracruz exporta cerca de 98% de sua produção e a desvalorização da moeda americana reduz a receita em reais. A apreciação do real teve efeito positivo sobre a dívida em moeda estrangeira. Em 31 de dezembro, a dívida líquida da Aracruz era de R$ 3 bilhões, R$ 135,1 milhões menor do que em 30 de setembro. Em 2005, a empresa tem R$ 433,6 milhões de dívidas a vencer. "A estratégia é reduzir o endividamento", disse Isaac Zagury, diretor financeiro da Aracruz. Ele informou que, no início de maio, a empresa deverá pagar aos acionistas parcela adicional de dividendos de R$ 150 milhões referente ao exercício de 2004. Zagury avaliou que dois fatores foram decisivos para o resultado: o volume recorde de vendas, que contribuiu para o aumento do lucro líquido em cerca de R$ 212 milhões em relação a 2003, e o pagamento de R$ 260 milhões a título de juros sobre capital próprio. Essa operação permite reduzir a base de cálculo do imposto de renda, fazendo com que a empresa pague menos IR e contribuição social. João Felipe Carsalade, diretor comercial da Aracruz, disse que são boas as perspectivas para este ano. Segundo ele, desde 1º de janeiro está em vigor aumento de US$ 30 a tonelada nos preços da celulose. Passaram para US$ 550 na Europa, US$ 500 na Ásia e US$ 580 a tonelada nos Estados Unidos. No quarto trimestre do ano passado, o preço médio da celulose da Aracruz foi de R$ 1.439 a tonelada, com queda de 4,1% sobre idêntico período de 2003. Um analista de banco americano disse ter dúvidas se a Aracruz será bem-sucedida na aplicação do aumento de preços. A época é "sazonalmente fraca", considerou. Juliana Chu, analista de papel e celulose do Unibanco, disse que o resultado saiu de acordo com o esperado, com exceção do volume de vendas do quarto trimestre. Ela apontou que a empresa reduziu o estoque de 48 dias, no fim de setembro, para 40 dias, em 31 de dezembro de 2004. A medida foi resultado de um mercado mais aquecido. Em relação ao projeto de expansão, Juliana ponderou que a Aracruz precisa ter escala internacional para concorrer no competitivo segmento de celulose de mercado. "Por isso, a sempre tem dito que, além do projeto da Veracel, há outras possibilidades", afirmou. Aguiar confirmou que o projeto de expansão será feito sem sócios. "Ainda não chegamos a uma conclusão sobre o melhor local para a obra, mas, a partir da escolha, a fábrica pode iniciar operação em sete ou oito anos", disse. Apesar do interesse dos Estados em atrair o projeto, o executivo foi categórico sobre a escolha: "Nenhum projeto da Aracruz é feito baseado em incentivo fiscal porque a regra pode mudar a qualquer momento."