Título: Operação exige cuidados com a marca e o idioma
Autor: João Luiz Rosa
Fonte: Valor Econômico, 14/01/2005, Empresas &, p. B3

Questões idiomáticas podem parecer um detalhe na hora de atuar no exterior, mas é um dos pontos nos quais as empresas brasileiras de TI têm sido mais cuidadosas. E com razão. O objetivo é evitar erros que possam virar motivo de chacota e afastar definitivamente o consumidor. A BuscaPé conhece bem os riscos a que está sujeita. A empresa oferece um serviço de comparação de preços na internet. É a mesma atividade de um serviço europeu que chegou a ser oferecido no Brasil, anos atrás. O site manteve o nome original no país, apesar de ele soar mal em português - Kelkoo. A BuscaPé descobriu, por exemplo, que a palavra "tienda" - loja em espanhol - é comum no México, mas não é usada na Argentina. A companhia está iniciando operações nos dois países. Por causa dos vizinhos argentinos, aliás, a companhia foi além e mudou seu slogan. A frase original era "você tem o direito de comparar preços". "Percebemos que a palavra 'direito' é muito séria para os argentinos e mudamos a assinatura", diz Romero Rodrigues, presidente da empresa. No lugar, entrou a frase "compare produtos, lojas e preços". Nas companhias de software, a atenção é na adaptação dos programas, o que inclui o tamanho dos campos e das telas. "É preciso tomar cuidado para não usar uma palavra que não tenha significado algum no país", diz Renato Muller, diretor de relações internacionais do grupo Linx, que já tem 50 clientes no exterior. Para atuar na Espanha, por exemplo, a empresa tomou o cuidado de criar uma versão do software em espanhol e outra em catalão. Às vezes, é a própria marca da empresa que está em jogo. O sócio da RM Sistemas em Portugal precisou adotar um nome diferente para a companhia porque a original já tinha sido registrada por outro grupo. Para não ficar muito diferente, a empresa foi batizada de RMSI. (JLR)