Título: Drogas para tratamento de câncer têm o maior crescimento do setor
Autor: Assis Moreira
Fonte: Valor Econômico, 14/01/2005, Empresas &, p. B7

O lançamento de novos remédios contra câncer representará o principal movimento de inovação na industria farmacêutica nesta década, alimentando esperança dos pacientes e crescimento dos laboratórios, avalia o Credit Suisse Fisrt Bank, um dos maiores bancos da Europa. O mercado de medicamentos e terapias de apoio contra o câncer poderá crescer 10% ao ano para alcançar US$ 48 bilhões até 2008, comparado a expectativa de expansão de 7% a 8% para a industria farmacêutica em geral. O Credit Suisse estima que os ganhos serão impulsionados pelo grupo de terapias chamadas inovadoras, com aumento muito mais rápido de vendas, por volta de 22% ao ano. É que esses remédios são destinados principalmente a câncer do pulmão, cólon e pâncreas, os tipos que afetam mais pessoas e que hoje têm pobres diagnósticos.

Além disso, o tratamento com as novas drogas vai custar entre US$ 2 mil e US$ 9 mil por mês. O preço de remédios em geral tem provocado enormes debates políticos, principalmente nos países industrializados, e tornaram a indústria farmacêutica mais impopular. Mas até agora governos e seguros de saúde tem mostrado disposição de pagar o custo dos tratamentos. Ao mesmo tempo em que o custo aumentará para as novas drogas, poderá haver baixa em outras por causa do fim da patente e entrada no mercado de produção de genéricos, estima o autor do relatório, o analista Luis Correia, doutor em química em Oxford e MBA na França. Luis Correia destaca que esforços de pesquisa nos últimos 20 anos sobre novos medicamentos começam a compensar. Embora a cura ainda esteja distante, para alguns tipos de câncer há expectativas realistas de possibilitar mais tempo de vida. As companhias melhor posicionadas e mais expostas na área de tratamento de câncer são as suíças Novartis e Roche e a americana Amgen. Só a Roche fatura mais de US$ 4 bilhões nesse negocio, representando 23% de suas vendas. Para a Amgen, a maior em biotecnologia do mundo, com valor de mercado de US$ 79 bilhões, essas vendas pesam 27% do total. Os laboratórios foram estimulados a investir maciçamente em oncologia por uma combinação de fatores. Primeiro, câncer é atualmente a segunda maior causa de mortes no mundo industrializado, depois de doenças do coração. Segundo, as drogas no mercado estão longe de serem satisfatórias. Além disso, as autoridades reguladoras são normalmente mais tolerantes sobre os efeitos de um remédio contra certos tipos de câncer com menos tratamento disponível. Por último, os laboratórios cobram altos preços por novas drogas, e os governos e seguros de saúde aceitam essa política. As terapias de apoio ("supportive care") também estão em expansão. São remédios para atenuar alguns efeitos de quimioterapia, como anemia e náusea. Só um produto (erythropietin) representa US$ 5 bilhões de vendas anuais.