Título: Exportação em alta atrai concorrentes
Autor: Janes Rocha
Fonte: Valor Econômico, 14/01/2005, Finanças, p. C3

O avanço do comércio exterior brasileiro nos últimos dois anos fez crescer o mercado de seguro de crédito às exportações e trouxe mais uma companhia de seguros para o país. A Seguradora de Crédito do Brasil S.A. (Secreb), controlada por uma associação de capitais espanhóis e alemães chamada Consorcio Internacional de Aseguradores de Credito (CIAC), chegou em 2003, mas só começou a operar no final de 2004. O CIAC reúne parceiros de peso no mercado internacional de crédito à exportação - a Compañia Española de Seguros de Crédito a la Exportación (Cesce, a maior do ramo na Espanha), a Munich Re (maior resseguradora do mundo), e os bancos Santander e BBVA. Pouco antes da Secreb, a Euler Hermes, controlada pelo grupo alemão Allianz (que também é dono da AGF Seguros), abriu escritório no Brasil. O objetivo de ambas é disputar um mercado dominado pela Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação (SBCE) - uma "joint venture" entre os bancos Bradesco, BNDES e Banco do Brasil e as companhias de seguros Sul América, Unibanco AIG, Minas Brasil e a francesa Coface. De acordo com as últimas estatísticas da Superintendência de Seguros Privados (Susep), o volume de prêmios gerados por estas seguradoras foi equivalente a R$ 15,6 milhões, entre janeiro e novembro de 2004. Comparado com o mesmo período do ano passado, houve um crescimento de 31,13%. Até novembro a SBCE respondia por 78,4% da produção de prêmios, enquanto a Euler Hermes fez 11,1% e a Secreb, 10,5%. O negócio do seguro de crédito à exportação se divide em dois segmentos: a cobertura de contratos de curto e médio prazo (até dois anos) e os de longo prazo (acima de dois anos). Os grandes volumes de prêmios e coberturas estão no longo prazo, garantido pela União, tendo a SBCE e o IRB Brasil Re, estatal do resseguro, como operadores do Tesouro. "Em todo mundo é assim, os governos garantem os contratos de comércio exterior de longo prazo, regulados pela OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento)", explicou Werner August Sönksen, executivo que saiu da subsidiária brasileira do Deutsche Bank para dirigir a Secreb. De janeiro a outubro de 2004 a União arrecadou, através do IRB, US$ 103,3 milhões em prêmios pagos pelos exportadores para contratos acima de dois anos. Isso representou 28% de crescimento em comparação com o mesmo período de 2003. O número de países cobertos pelo seguro da União subiu, em um ano, de 18 para 22 e, segundo o gerente de Seguros Governo do IRB, José Farias de Sousa, continua crescendo. O número de contratos passou de 207 para 219 no mesmo período. A maior parte (88%) da carteira garantida pela União é composta de exportações para Estados Unidos, Venezuela, Argentina, República Dominicana e Equador. Os setores de aeronáutica, construção civil pesada, automotivo e equipamentos industriais representam 95% das operações. "Acreditamos que em 2005 haverá um aumento do número de países, o que vai ampliar a diversificação da carteira", afirmou Farias. A União garante hoje um total de US$ 4,3 bilhões em importância segurada contra riscos de crédito às exportações, ou seja, nem 5% do volume total de exportações que chegou a US$ 96 bilhões em 2004. Segundo Sönksen, na Europa as seguradoras privadas chegam a cobrir de 15% a 25% dos contratos de exportação. Até outubro do ano passado, os sinistros (importadores que não pagaram os exportadores cobertos pelo seguro) representaram US$ 10,2 milhões. A Euler Hermes também é praticamente recém-chegada no país, tendo instalado sua filial em dezembro de 2003 mas iniciado a operação no início de 2004. Neste primeiro ano, a companhia movimentou o equivalente a R$ 1,7 milhão em prêmios, com cobertura de contratos até um ano. "O resultado que alcançamos no término do ano reforçou a postura do Grupo Euler Hermes de que o Brasil é um país promissor para a oferta deste produto", afirmou Robson Silva, Executivo de Contas.