Título: Diretoria do FMI espera para ver
Autor: Marcia Carmo
Fonte: Valor Econômico, 14/01/2005, Finanças, p. C8

O Fundo Monetário Internacional (FMI) não endossa oficialmente a exigência de aceitação de 75% dos credores como indicador do sucesso da oferta de reestruturação da dívida argentina, disse ontem o diretor de relações externas do organismo, Thomas Dawson. "O índice de aceitação não é o único critério de avaliação do FMI sobre a negociação", disse. Segundo Dawson, não há um número mínimo estabelecido para considerar a renegociação bem-sucedida. Perguntado sobre o diretor italiano, Pier Carlo Padoan, que mencionou o índice de 75%, Dawson disse que "temos 24 diretores executivos que representam 184 países, e cada um deles tem sua opinião sobre o que é aceitável ou não, e isso será considerado quando chegar à diretoria". Dawson disse não querer mencionar um patamar mínimo porque há uma "diferença substancial de opiniões entre os países sobre isso". Sobre a possibilidade de divisão da diretoria na avaliação do assunto, Dawson disse apenas que teria que se "esperar para ver". A Itália tem um dos maiores percentuais de credores dos papéis em default da Argentina, cerca de 15%. A oferta argentina começou com um nível de aceitação próximo de 30%, que inclui os credores do mercado interno que já estão de acordo com os termos de troca. Se conseguir uma adesão alta, a Argentina terá feito a melhor reestruturação de dívida em default sob o ponto de vista do devedor, com um pagamento de menos de 25% do valor de face da dívida - e sem considerar os juros acumulados desde a moratória. Apesar disso, o cansaço de três anos de negociações infrutíferas deve levar alguns grandes credores a aceitar a oferta para livrar-se do problema. O Fundo não deu detalhes sobre uma reunião que do ministro da Economia, Roberto Lavagna, deve ter na semana que vem com o organismo. O diretor-gerente do FMI, Rodrigo Rato, fará uma nova visita à América Latina no mês que vem, mas desta vez o roteiro não inclui o Brasil. Rato visitará a Bolívia, Equador, Colômbia e Peru na metade do próximo mês.