Título: A voz dos movimentos sociais
Autor: Josie Jeronimo
Fonte: Correio Braziliense, 03/01/2011, Política, p. 4

Prestigiado por pelo menos 10 dos novos ministros da gestão Dilma Rousseff, Gilberto Carvalho recebeu de seu antecessor, Luiz Dulci, a Secretaria-geral da Presidência da República. A cerimônia de posse de Carvalho aconteceu no fim da tarde de ontem e foi uma das mais concorridas do domingo. Na Esplanada, a expectativa é de que o trânsito de Carvalho com os movimentos sociais turbine a importância da pasta no governo de Dilma. ¿A Secretaria-geral deve ganhar outras atribuições. Tenho certeza de que, no governo da presidente Dilma, a secretaria terá grande destaque. Essa é a diferença entre um cardeal e um coroinha¿, brincou Dulci, referindo-se à possível ampliação do papel da secretaria no novo governo e lembrando o passado de ex-seminarista de Carvalho. Dulci aproveitou a cerimônia para homenagear Lula. ¿Acredito que o mundo tem duas lideranças, de fato, mundiais, (Nelson) Mandela e Lula¿, afirmou referindo-se ao líder sul-africano.

O novo ministro, antigo chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, contou que, quando Dilma o convidou para a pasta, pediu que ele ¿contasse as verdades¿, pois ele tinha a ¿sensibilidade para saber do sofrimento do povo e das demandas sociais¿. Carvalho será o responsável por captar pleitos dos movimentos sociais e levá-los ao Executivo, para transformar as necessidades mais urgentes da população em políticas públicas. Ao assumir, o ministro disse que uma das prioridades da pasta é promover melhorias na qualidade de vida dos catadores de papel. A secretaria também cuidará da relação do governo federal com as entidades sem fins lucrativos. Carvalho ponderou que, atualmente, as Ongs vivem crise envolvendo a forma de financiamento, mas será um desafio a ser enfrentado pelo novo governo. ¿Meu compromisso é de continuar fazendo a ponte. Nós trabalhamos com a demanda reprimida durante séculos.¿

Carvalho usou grande parte de seu discurso para lembrar e demonstrar gratidão a Lula. Ele recordou dos depoimentos que prestou na CPI dos Bingos, ainda no primeiro mandato de Lula, e agradeceu o apoio que recebeu do ex-presidente, à época. ¿Depois do meu segundo depoimento na CPI, ele me esperava e disse: `Gilbertinho, vamos tomar uma cachacinha para você esquecer as coisas tristes¿. Isso eu jamais poderia esquecer. Por esse homem eu poderia morrer¿, contou.