Título: Varejo recupera perdas e deve fechar 2004 com elevação de 9% nas vendas
Autor: Raquel Salgado
Fonte: Valor Econômico, 19/01/2005, Brasil, p. A1

O comércio varejista deve encerrar 2004 com uma elevação de cerca de 9% no volume de vendas. Se confirmada a previsão de Nilo Lopes de Macedo, técnico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), esse será o primeiro ano desde 2001 (início da pesquisa) em que o setor apresentará desempenho positivo. Com esse fechamento, o varejo vai não só recuperar as perdas dos anos anteriores como também ter saldo positivo em 1,6%. A expectativa é de que, em termos percentuais, a maior alta seja verificada no ramo de móveis e eletrodomésticos, que deve encerrar o ano com elevação entre 15% e 20%. No entanto, a contribuição do setor de hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo tende a ser maior, já que pesa mais dentro da ponderação da pesquisa - representa 36% do total, enquanto móveis e eletrodomésticos pesam 10%. Macedo espera, para 2004, crescimento do ramo supermercados em torno de 5%. Em 2005, os resultados do varejo serão mais modestos, devido à base de comparação mais forte. Porém, tendem também a ser mais sustentados e prolongados, afirma o analista do IBGE. "As taxas de crescimento vão ser mais baixas, em contrapartida teremos um desempenho mais firme e duradouro", complementa.

Isso ocorrerá porque o desempenho do comércio não será mais liderado pelo crédito - que mais cedo ou mais tarde esbarra no nível de endividamento das famílias - e sim pela melhora da renda e do emprego, se ela persistir, ressalta Macedo. Com essa mudança, a tendência é de que os setores ligados à renda e que vendem bens de menor valor agregado, como os supermercados, sejam beneficiados. De janeiro a novembro, segundo os dados divulgados ontem pelo IBGE, as vendas do varejo subiram 8,98% em relação ao mesmo período de 2003. Nos anos anteriores, o desempenho do setor deixou a desejar e mostrou contínua retração: -1,57% em 2001, -0,70% em 2002 e -3,67% no ano seguinte. A receita nominal subiu 12,23% no ano e 12,19% na comparação de novembro com o mesmo mês do ano anterior. Os dados dos bens duráveis mostraram desaceleração. Em novembro, a venda de móveis e eletrodomésticos foi 22,4% maior, um nível mais baixo do que o apresentado em meses anteriores, quando estava na casa dos 30%. Para Macedo, boa parte dos consumidores preferiu saldar dívidas em novembro para retomar fôlego para as compras de fim de ano. O ramo de hiper e supermercados também perdeu fôlego, com aumento de 6,26% nas vendas. Em outubro, a variação atingiu 10%. Ainda assim, segundo o IBGE "foi o segmento com maior influência na taxa global do varejo". O setor de tecidos, vestuário e calçados viu suas vendas crescerem 0,48% em novembro e 4,73% no acumulado do ano.