Título: Resultado das companhias vai crescer, apesar da crise
Autor: Rittner, Daniel
Fonte: Valor Econômico, 27/12/2006, Especial, p. A12

Dois meses de crise nos aeroportos vão impactar os resultados das duas companhias aéreas líderes de mercado, mas, ainda assim, elas devem registrar um forte crescimento em receitas e aumento nos lucros no quarto trimestre do ano, segundo as projeções de analistas.

A TAM deve terminar o ano com uma receita de R$ 7,4 bilhões, segundo a estimativa média calculada com base nas projeções de oito analistas consultados pela Bloomberg. Em 2005, a empresa faturou R$ 5,6 bilhões. Já o lucro para este ano foi estimado em R$ 678,2 milhões - contra R$ 187 milhões do ano passado -, conforme a média das projeções de nove analistas, dos quais cinco fizeram as contas em dezembro.

No quarto trimestre de 2006, a TAM deve ter lucro de R$ 173,8 milhões, segundo a média das estimativas, em relação ao resultado líquido de R$ 65,3 milhões registrado no mesmo período de 2005. A receita da Gol é estimada em R$ 1,2 bilhão no trimestre, com lucro de R$ 197 milhões. A aérea faturou R$ 821,1 milhões e lucrou R$ 170,6 milhões no mesmo trimestre de 2005.

Um relatório da Brascan Corretora, divulgado ontem, e um da Fator Corretora, divulgado no dia 22, recomendavam a compra das ações da TAM, embora ambos tenham considerado como negativos os fatos envolvendo a empresa nos últimos dias. Segundo Mel Fernandes, da Brascan, os próximos anos serão favoráveis às aéreas diante da perspectiva de crescimento econômico, maior demanda por viagens e mais facilidade de crédito para aquisição de bilhetes.

Para o ano que vem, as projeções também indicam resultados financeiros fortes. Porém, o aumento da oferta causado pela importação de mais aviões deve resultar em uma disputa maior pelo passageiro e em queda de tarifas. A TAM vai ampliar a frota em 11 aviões e a Gol, em 15, segundo os planos das empresas.

Vanessa Ferraz, analista do Itaú, estima que a Gol deve registrar queda de 5% a 6% nos yields (quantia que o passageiros paga por quilômetro viajado). No caso da TAM, a redução projetada é de 1% a 2%. A analista prevê aumento de 11,8% na demanda doméstica, enquanto a oferta deve subir 12,9%. "O setor internacional pode compensar, em parte, essa defasagem", afirma.

Para Daniela Bretthauer, do Santander Investment, três pontos devem ser observados em 2007: a supercapacidade do sistema, a situação do controle de tráfego aéreo e a estratégia da Varig para recuperar participação de mercado.

"O ano que vem será o ano do passageiro", afirma Paulo Bittencourt Sampaio, consultor de aviação. "De janeiro a junho, devem ocorrer muitas promoções. De julho até o fim do ano, existe risco de guerra tarifária", prevê Sampaio. Segundo ele, as pequenas empresas do setor podem enfrentar dificuldades por não terem o mesmo fôlego financeiro das grandes. (RC)