Título: Investimento atinge 20,8% no 3º tri
Autor: Grabois, Ana Paula
Fonte: Valor Econômico, 20/12/2006, Brasil, p. A4

A taxa de investimento da economia brasileira atingiu 20,8% no terceiro trimestre deste ano, segundo maior percentual em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) para um terceiro trimestre desde 1995, quando foi iniciada a série histórica do IBGE. A maior taxa foi apurada no terceiro trimestre de 2004 ( 20,9%). "Estatisticamente, a taxa de 2006 é igual à registrada em 2004", disse a gerente de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, Rebeca Palis. No mesmo trimestre de 2005, a taxa foi de 20,4%.

O aumento do investimento está relacionado à redução da taxa básica de juros, à expansão do volume de crédito para empresas e ao crescimento do setor de construção civil, na avaliação de Claudia Dionísio, técnica das Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. "Também houve aumento de compras de máquinas importadas, por causa do câmbio valorizado." Com o resultado, a taxa de investimento deve fechar este ano no maior patamar desde 2002, segundo prevê o economista Francisco Eduardo Pires de Souza, assessor do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

A preços correntes, a taxa deve ficar entre 20,6% e 20,8%, acima da média de 1991 a 2005, de 19,3%. Pires de Souza ressalta, entretanto, que os preços dos bens de capital e da construção civil estão acima dos preços do resto da economia, o que deixa a taxa de investimento deflacionada em um nível menor, prevista em 18,7% para 2006. Mesmo assim, este percentual ainda é superior ao apurado nos últimos anos em termos deflacionados.

"É uma taxa positiva, porque mantém a tendência de crescimento do investimento. É um sinal de folga para o PIB crescer mais, mas o nível ainda não é o ideal, de 22% a 23% em termos deflacionados." Segundo Pires de Souza, o resultado projetado para 2006 sugere que o crescimento da economia nos próximos não será travado por um problema de capacidade.

Já para o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), o resultado aponta para uma maior crescimento futuro, embora o patamar alcançado pelo investimento não seja suficiente para garantir crescimento forte do PIB. "Mesmo batendo recordes na taxa de investimento, o ano de 2006 nos deixa muito aquém dos 25% do PIB necessários para assegurar um crescimento maior e mais sustentável", diz trecho de relatório do Iedi.

Nas projeções da economista Giovanna Rocca, do Unibanco, a alta do investimento possibilita que a economia cresça mais nos próximos anos, em torno de 3,5% a 4%. O Unibanco prevê crescimento econômico de 2,7% em 2006, e de 3,5% em 2007. "Apesar da estabilidade do crescimento do PIB, em taxas baixas, o crescimento do investimento tem sido alto", afirmou.

A taxa de poupança também atingiu o segundo maior percentual sobre o PIB no terceiro trimestre deste ano, ao alcançar 25,2%, percentual superior aos 24,3% apurados no mesmo trimestre de 2005. Desde 1995, quando o IBGE começou a fazer a pesquisa, a maior taxa para um terceiro trimestre, de 25,2%, ocorreu em 2004. O aumento da taxa de poupança ocorreu mesmo com um significativo crescimento do consumo final, de 8,5% em relação a igual trimestre de 2005. Esta expansão deveu-se à alta de 9,7% na renda disponível.