Título: Justiça acata mais uma denúncia contra BMG
Autor: Moreira, Ivana
Fonte: Valor Econômico, 20/12/2006, Política, p. A7

Diretores do Banco BMG, os ex-dirigentes do PT José Genoino e Delúbio Soares, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, sua mulher e seu sócios são réus em mais uma ação penal, dessa vez por falsidade ideológica e gestão fraudulenta de instituição financeira. A denúncia do Ministério Público Federal (MPF) foi recebida pela juíza Adriane Luísa Vieira Trindade, da 4ª Vara da Justiça Federal em Belo Horizonte.

A denúncia do MPF é um desdobramento do inquérito que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), com base nas investigações do esquema de mensalão. Os executivos do BMG - entre eles Flávio Guimarães, controlador do banco - haviam ficado de fora de uma denúncia anterior apresentada pelo procurador geral da República Antônio Fernando de Souza. Agora, o MPF acusa o banco mineiro de ter concedido empréstimos fraudulentos ao PT e a Marcos Valério.

Em fevereiro de 2003, o BMG liberou um empréstimo de R$ 2,3 milhões para o Partido dos Trabalhadores, com aval do empresário mineiro que foi apontado como operador do esquema de mensalão no Congresso, denunciado em 2005. O banco mineiro ainda concedeu empréstimos para empresas de Marcos Valério. Ao todo, o banco registrou R$ 40 milhões em empréstimos que teriam financiado o caixa 2 do PT para o financiamento de campanha.

De acordo com a denúncia do MPF, a liberação dos recursos milionários por parte do BMG ocorreu de "maneira irregular, seja porque a situação econômico-financeira dos tomadores era incompatível com o valor , sejam porque as garantias dadas eram insuficientes." Mesmo sem patrimônio compatível, Delúbio Soares e José Genoino avalizaram os empréstimos feitos ao PT.

Advogado do BMG, Sérgio Bermudes declarou ontem que recebeu com estranhamento a notícia da denúncia. O advogado alegou que ainda desconhecia o teor completo da denúncia e evitou fazer comentários. Mas disse que, certamente, será fácil demonstrar na defesa que não foi praticado crime algum por parte dos diretores do banco . "Prova disso é que estamos executando normalmente os empréstimos que não foram pagos", destacou.

Em agosto do ano passado, o banco impetrou ação de execução das dívidas contraídas pelo PT e pelas empresas de Marcos Valério. "As ações estão andando, mas o processo é lento mesmo." Ele lembrou que em outros processos, como a investigação do Tribunal de Contas sobre a operação de cessão de crédito feita entre BMG e Caixa Econômica Federal, sobre a qual também pairavam dúvidas, já ficou comprovado que o banco agiu corretamente.

De acordo com Sérgio Bermudes, o banco vai aguardar a citação oficial dos réus. Possivelmente contratará um advogado criminalista para atuar na defesa dessa nova ação.

O empresário Marcos Valério também entrou no ano passado com ações de execução contra o PT, Delúbio e Genoino. Segundo ele, suas empresas contraíram empréstimos que somavam R$ 100 milhões, no BMG e no Banco Rural, a pedido do partido.