Título: Punições descartadas
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Fonte: Correio Braziliense, 03/01/2011, Política, p. 5

A sindicância interna que apurava a participação de servidores da Casa Civil no escândalo envolvendo a ex-ministra Erenice Guerra chegou ao fim sem prever punições. O relatório final só indica a abertura de um processo administrativo disciplinar para apurar um convênio firmado, em fevereiro de 2005, na gestão do então ministro José Dirceu, com a empresa Unicel, representada pelo marido de Erenice, José Roberto Camargo Campos.

A decisão foi tomada pelo ex-ministro Carlos Eduardo Esteves Lima. O ministro interino passou o cargo ao novo chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, ontem. Esteves Lima foi nomeado depois que a ex-ministra Erenice Guerra pediu demissão motivada pelas denúncias de tráfico de influência na pasta.

O prazo da comissão já tinha sido prorrogado duas vezes, sendo que a última delas teve como único objetivo não coincidir com a semana final da campanha presidencial. A expectativa era de que o resultado só fosse divulgado em abril.

Dois ex-funcionários foram investigados: Vinicius Castro e Stevan Knezevic. De acordo com a Casa Civil, não houve comprovação de que Castro estava envolvido com o esquema comandado pelo filho de Erenice, Israel Guerra, de quem era amigo. Já a situação de Knezevic será decidida pelo Ministério da Defesa, já que ele é servidor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Castro deixou o governo logo no início do escândalo e Knezevic voltou para o órgão de origem.

O procedimento interno de investigação não tem poderes para punir Erenice. A Comissão de Ética Pública, ligada à Presidência da República, é quem está com o caso da ex-ministra. Uma cópia do relatório final da sindicância será remetida ao órgão e outra ao Ministério da Defesa. A apuração do caso Erenice ainda segue no âmbito da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU). Ao deixar o cargo, a ex-ministra pediu que os dois órgãos fizessem a investigação das denúncias.