Título: Presidente atinge maior popularidade desde a posse
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 19/12/2006, Política, p. A10

Pesquisa CNI/Ibope divulgada ontem mostrou que o presidente Lula encerra seu primeiro mandato com a maior avaliação positiva (57% de ótimo/bom) desde março de 2003, a segunda maior aprovação pessoal (71% ante 75% de março de 2003), um saldo entre aqueles que confiam e os que não confiam no governo de 40 pontos percentuais, a maior nota - 7 - numa escala de 0 a 10 desde que assumiu o governo há quatro anos e uma expectativa de um segundo mandato ótimo/bom para 68% dos entrevistados.

Os dados mostram que o otimismo em relação ao próximo mandato é superior ao percentual de votos que Lula recebeu no segundo turno das eleições - 60,83% dos eleitores. "Não há dúvidas de que ele começa muito bem o segundo mandato. A população, além de confirmar sua expectativa positiva no voto, deposita mais esperanças daqui para frente", declarou o diretor de operações da CNI, Marco Antônio Guarita.

As pesquisas de final do ano, quando é pago o 13º costumam registrar boas avaliações para o governante de plantão. O fato surpreendente é que o último Natal do primeiro mandato petista coincidiu com a crise aérea que se acreditava ter desgastado o governo.

É entre os pesquisados do Norte e Nordeste e os que têm menor escolaridade que Lula recebe os maiores votos de esperança quanto ao futuro. Para 71% dos entrevistados que estudaram até a quarta série, o segundo mandato será bom ou ótimo. Esse percentual cai para 57% entre os pesquisados com nível superior. No Nordeste, onde o presidente conseguiu expressivos resultados eleitorais, 76% apostam em quatro anos bons ou ótimos, contra 63% do Sudeste que têm a mesma opinião. A melhoria na avaliação de Lula, no entanto, atingiu todas as regiões, faixas de renda e escolaridade.

Apesar do otimismo, os brasileiros pesquisados acreditam que, dentro dos próximos seis meses, existe o risco concreto de aumento da inflação e de desemprego. Na questão inflacionária, 41% acham que ela deve aumentar, contra 30% que pensavam assim em setembro. Outros 42% temem um aumento no desemprego ante 37% que expressaram esse temor em setembro.

O Ibope e a MCI Estratégia, que analisa os dados, admitem que os resultados de Lula são excepcionais diante de um crescimento econômico que está longe do ideal e dos temores da inflação e do desemprego. "Ele terá um começo bastante facilitado, alicerçado por essa avaliação positiva", reconhece Amauri Teixeira, da MCI.

Guarita complementa lembrando que o presidente sempre teve avaliações pessoais altas, mesmo quando seu governo afundava na crise política. Há exato um ano - dezembro de 2005 - o governo batia no fundo do poço em popularidade. Naquela época, 43% dos entrevistados confiavam no presidente e 53% não confiavam, gerando um saldo negativo de dez pontos percentuais. Doze meses depois, 68% confiam em Lula e 28% não confiam - 40 pontos percentuais de diferença.

As prioridades para os próximos quatro anos também foram assunto da pesquisa. Em abril deste ano, durante inauguração das novas instalações do setor de emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Porto Alegre, Lula afirmou que a Saúde Pública brasileira estava "próxima da perfeição". Os entrevistados (52%) colocaram exatamente a saúde como a primeira prioridade que deve ser tratada pelo próximo governo. Em março de 2003, 27% achavam que essa área merecia a atenção do governo federal, colocando-a em terceiro lugar no ranking de prioridades.

Em segundo lugar, com 39% das respostas, aparece o binômio emprego/desemprego. Em março de 2003, esse quesito aparecia em primeiro lugar segundo 48% dos entrevistados. Em terceiro lugar, com 26% das respostas, aparecem empatados segurança/combate à violência e educação e, em quinto lugar, para 16% dos entrevistados, surge o combate à fome e à pobreza.

"Em 2003, por conta da força eleitoral e o efeito do marketing, o governo conseguiu emplacar o Fome Zero apesar de não ser essa agenda esperada à época pela população. Com a evolução do cenário, os brasileiros mostraram exatamente o que esperam dos próximos quatro anos", reforça Amauri Teixeira.

A pesquisa CNI/Ibope mostra ainda que o governo não deve descuidar do combate à corrupção. Neste ponto, a sociedade faz um mea-culpa. Para 27% dos entrevistado, a sociedade precisa fiscalizar mais de perto o combate à corrupção, seguida pelas questões relativas à segurança pública (23%) e a melhoria na qualidade da educação (20%).

A questão da corrupção lidera em todas as faixas de escolaridade, mas divide o primeiro lugar com a segurança pública entre os que cursaram até a quarta série. Na análise por regiões, Sudeste e Sul demonstram mais preocupação com o tema do que o Norte/Centro-Oeste e Nordeste. Nessas regiões, a maior preocupação é com a segurança pública.