Título: Concorrência vem da Rússia, China, Japão e até da Boeing
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 19/12/2006, Especial, p. A14

A canadense Bombardier prevê que os fabricantes de jatos regionais vão entregar 11 mil novas aeronaves de 20 a 149 assentos, valendo US$ 370 bilhões, durante os próximos 20 anos. Com o mercado em expansão, novos produtores surgem. E eles vêm da Rússia, China e Japão.

Para a Embraer, a vantagem do acordo que sairá da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é que ele amarra as condições de financiamento oficial tanto com a Bombardier, Boeing e Airbus, mas também para futuros concorrentes no mercado de jatos regionais. "O acordo é para todo mundo e visa também o futuro", diz Henrique Rzezinski, vice-presidente de relações internacionais da companhia brasileira.

A Sukhoi, principal fabricante aeronáutico militar da Rússia, prepara a construção do SuperJet-100, uma família de jatos regionais de 60 a 95 assentos, como parte do plano do governo de aumentar a competitividade de sua indústria aeronáutica.

A ambição é unir tecnologia ocidental e russa e produzir um avião com preço até 20% mais baixo que Embraer e Bombardier. Com ajuda técnica da Boeing, os russos querem começar a produção em série em 2008, esperando produzir pelo menos 700 aparelhos em 2010. A expectativa é de vender 35% dos jatos para a América do Norte, 25% para a Europa, 10% para a América Latina, e 7% para Rússia e China.

A Embraer já monta jatos regionais na China, em associação com uma empresa local. Mas o governo de Pequim estimula a AVIC 1 a desenvolver seus próprios jatos com cerca de 100 assentos. O ARJ21 á recebeu 71 encomendas. O plano é de entrar em operação em 2009.

O Japão planeja fazer seu primeiro jato regional em 2012, estimulado por subsídios do governo. Mas a decisão final ocorrerá em março de 2008. É que os japoneses calculam que precisam de encomendas de 350 a 600 aparelhos para que o projeto se torne lucrativo. O projeto batizado MJ jet (Mitsubishi Jet) visa produzir versões de 72 e 92 lugares de aparelhos mais silenciosos e mais eficientes ecologicamente.

Além disso, o gigante americano Boeing não exclui entrar no mercado de jatos regionais. A Embraer não ignora os desafios com o ingresso de novos concorrentes. Mas enquanto os concorrentes não chegam ao mercado, a companhia brasileira pretende continuar consolidando sua participação no mercado mundial. (AM)