Título: Companhias aéreas devem voltar a ter lucro em 2007
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 19/12/2006, Especial, p. A14

As companhias aéreas poderão enfim lucrar no próximo ano, depois de seis anos de perdas. A International Air Transport Association (Iata), que reúne 250 companhias, fazendo 95% do transporte global, prevê lucro entre US$ 2 bilhões a US$ 2,5 bilhões no ano que vem.

As diferenças regionais, em todo caso, persistem. As companhias européias terão o maior lucro, estimado em US$ 1,5 bilhão em 2007. Vêm em seguida as asiáticas, com US$ 1,2 bilhão e as companhias dos EUA com US$ 200 milhões. No Oriente Médio e na América Latina, o lucro estimado é de US$ 100 milhões apenas. A África poderá ter perdas de US$ 500 milhões.

Este ano, as aéreas fecham a conta com perdas estimadas em US$ 500 milhões, bem abaixo da previsão anterior de US$ 1,7 bilhão. Giovanni Bisighani, o presidente da Iata, atribui a melhora à crescente eficiência e expansão no número de passageiros. O combustível continuará representando 26% do custo operacional ano que vem.

O presidente da Iata qualifica, em todo caso, de "peanuts" o lucro estimado para o ano que vem. Representa apenas margem de 0,5% sobre um faturamento global de US$ 450 bilhões. Ou 2,2% do Ebitda.

Além disso, o transporte aéreo se recupera de US$ 41 bilhões de perdas, no rastro de reestruturação e dívidas acumuladas depois dos atentados terroristas de 11 de setembro nos EUA.

Se não fosse o custo de reestruturação de US$ 6 bilhões na Delta Air Lines, dos EUA, a indústria aérea como o todo terminaria 2006 com lucro.

Em 2006, a Iata registrou a menor taxa de acidentes, de 0,65 perdas por milhão. O objetivo é reduzir em mais 25% o número de acidentes até 2008.

Uma história de sucesso no setor é o tíquete eletrônico, que está eliminando o bilhete de avião. O e-tíquete já representa 72% do total. Na China, pulou de 10% para 90% em um ano. Mas na Rússia, o bilhete eletrônico é ilegal, sendo o único lugar do mundo com essa situação.

A Iata alveja também o custo de taxas dos aeroportos. A entidade diz ter poupado US$ 771 milhões nas negociações com aeroportos. Mas os custos totais aumentaram US$ 1,9 bilhão, sendo US$ 1,3 bilhão só em três aeroportos: Paris, Bangcoc e os de Londres. A Argentina está no alvo, porque discrimina entre companhias domésticas e estrangeiras. (AM)