Título: AL cresce mas investe pouco, diz Cepal
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Fonte: Valor Econômico, 15/12/2006, Internacional, p. A12

A América Latina crescerá mais que o esperado este ano, mas vai desacelerar no ano que vem, estima a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, da ONU). A instituição revisou sua estimativa de crescimento de 5% em 2006, feita em julho, elevando-a agora para 5,3%. Para o ano que vem, a previsão da Cepal é de crescimento de 4,7%.

Entre as principais economias latino-americanas, a do Brasil é a que deve registrar a pior performance, crescendo apenas 2,8%. A estimativa anterior para o Brasil era de 4%. A revisão para baixo seria consequência dos efeitos na economia das "altas taxas de juros, de um sistema financeiro pouco competitivo e de um estrutura impositiva que é excessiva para seu nível de desenvolvimento".

Embora 2006 seja o terceiro ano consecutivo de expansão latino-americana acima de 4%, o crescimento é inferior ao de outras regiões em desenvolvimento, disse o argentino José Luis Machinea, secretário-executivo da Cepal e ex-ministro da Economia de seu país.

"O diagnóstico da conjuntura econômica da região se poderia sintetizar como otimista, mas com cautela", disse Machinea.

"O otimismo se deve ao crescimento da região, que é maior e melhor do que no passado", concluiu o secretário-executivo, na apresentação do "Balanço Preliminar das Economias da América Latina e do Caribe em 2006".

A Cepal destacou que o período de crescimento que se observa na região "está acompanhado por uma redução significativa de sua vulnerabilidade ante a eventualidade de choques externos". A América Latina cresceu 4,5% em 2005 e 6% em 2004.

Machinea destacou que a cautela tem a ver com a "maior incerteza quanto à evolução futura da economia internacional" e com temas pendentes relacionados com a sustentabilidade do crescimento na região. "Como um conjunto, a região não está aproveitando as bases para fazer com que seu crescimento se torne sustentável", disse.

"Não está fazendo investimentos suficientes em capital físico e humano, em incremento da produtividade e em diversificação de sua estrutura produtiva."

A Venezuela, com 10%, e a Argentina, com 8,5%, são as duas entre as principais economias da região que mais crescerão neste ano - a primeira graças aos altos preços do petróleo e a segunda por causa de "um contexto internacional favorável, da redução no pagamento de suas dívidas e do tipo de câmbio alto", segundo Machinea.

O prognóstico para a economia mexicana subiu de 4% para 4,8%.

O organismo avalia que os gastos públicos aumentaram em toda a região principalmente em consequência de maiores investimentos em" infra-estrutura física e social" e da expansão de gastos correntes em vários países. Mas, graças ao aumento acentuado das receitas, "predomina um crescente superávit primário dos governos (de 1,7% a 2,1% do PIB em média simples de 19 países) e um decrescente déficit global (de 1,1% a 0,3% do PIB)".

Como se prevê que haverá uma ligeira desaceleração do crescimento no ano que vem, com o aumento projetado para 4,7%, o PIB per capita da região deve acumular uma expansão de 15% no período de 2003 a 2007, o que equivale a uma expansão anual de 2,8%.

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