Título: Dez municípios concentram 25% da riqueza
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2006, Brasil, p. A6

Apenas dez municípios brasileiros concentram 25% de toda a riqueza produzida no país. Segundo pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2004 estes municípios eram São Paulo (capital), Rio de Janeiro (capital), Brasília (DF), Manaus (Amazonas), Belo Horizonte (MG), Campos dos Goytacazes (RJ), Curitiba (Paraná), Macaé (RJ), Guarulhos (SP) e Duque de Caxias (RJ). Esses municípios correspondem a apenas 15,1% da população brasileira.

A concentração vai além: 68 dos 5.560 municípios são responsáveis pela metade do PIB brasileiro e abrangem 18,1% da população. A pesquisa mostra um movimento de lenta desconcentração da riqueza em relação a 1999. Naquele ano, apenas sete municípios agregavam 25% do PIB, e 61 municípios eram responsáveis pela metade da riqueza.

Segundo o IBGE, as seis primeiras posições no ranking dos municípios permanecem inalteradas em relação a 2003 . Curitiba subiu uma posição para sétimo lugar. Macaé avançou da 12ª posição para o 8º lugar, graças à indústria extrativa de petróleo. Duque de Caxias ficou em décimo, Guarulhos caiu duas posições, para 9º lugar, e Porto Alegre saiu da lista dos dez maiores.

Quando os dados do IBGE são cruzados com o ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), eles mostram que a riqueza dos municípios está muito longe de se traduzir em bem estar para suas populações. O município com maior PIB per capita é o baiano São Francisco do Conde, onde está instalada a segunda maior refinaria do país. A cada um dos 29.383 mil moradores cabe, em teoria, R$ 315 mil anuais - esse é o PIB per capita da cidade. O mesmo município, contudo, ocupa a 2.735ª posição entre os mais de 5 mil municípios brasileiros no ranking que mede educação, renda média, saneamento e outros indicadores sociais. Mesmo Paulínia, 5º maior PIB per capita, cai para a 40ª posição no IDH.

Entre os dez municípios com maior PIB per capita, sete têm a economia movida pela indústria de petróleo ou petroquímica: São Francisco do Conde, Triunfo, Quissamã, Carapebus, Paulínia, Rio das Ostras e Macaé. Outros dois - os mineiros Cascalho Rico e Arapuã - têm sua riqueza vinda da geração de energia elétrica. Porto Real cresceu pela indústria automobilística.

Os cinco municípios que apresentaram os menores PIBs foram Oliveira de Fátima (Tocantins), Ipueiras (Tocantins), Miguel da Baixa Grande (Piauí), Santo Antônio dos Milagres (Piauí) e São Félix do Tocantins (Tocantins). Juntos, eles correspondem a 0,001% do PIB do país.

Em uma comparação entre 1999 e 2004, os municípios com maior ganho percentual de PIB foram Campos dos Goytacazes, Macaé, Manaus, Camaçari, Paulínia, Duque de Caxias, Brasília, São Francisco do Conde e Betim.

Os números da renda per capita municipal do Brasil também deixam clara a enorme disparidade regional do país. Em 2004, o menor PIB per capita da região Sul foi de R$ 3.220, na cidade de Itaperuçu, no Paraná. Mesmo assim, este valor supera a renda per capita de nada menos que 75% dos municípios nordestinos, revela o IBGE em sua pesquisa sobre o PIB das cidades.

Em 2004, a região metropolitana de Porto Alegre superou o entorno da capital paulista em renda per capita. A renda per capita da região metropolitana da capital gaúcha ficou em R$ 14.424, a maior do país, contra R$ 14.384 da região metropolitana de São Paulo. (Agências noticiosas)