Título: "Estresse de maio foi sinal de alerta"
Autor: Lucchesi, Cristiane Perini
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2006, Finanças, p. C10

"O estresse de maio e abril deste ano foi apenas um sinal de alerta para o que está por vir", acredita Stephen Poloz, economista-chefe da Export Development Canada (EDC). Com o crescimento menor na economia mundial em 2007, ele prevê um movimento de "recalibragem" na percepção de risco internacional que vai fazer subir os prêmios de risco de crédito dos países emergentes e desvalorizar suas moedas e ações.

Poloz lembra que os prêmios de risco dos países emergentes chegaram a subir de 40 a 50 pontos básicos em maio, as moedas perderam cerca de 10% de seu valor e as bolsas de valores chegaram a apresentar queda de 30% em quatro semanas. "Não estou prevendo nenhum desastre, mas um realinhamento, nos quais os países emergentes com melhores fundamentos, como o Brasil, serão recompensados", afirmou, em visita ao Brasil.

Segundo ele, hoje a liquidez internacional está tão elevada que a disponibilidade de recursos está farta para todos os países. Mas, com a queda no ritmo de crescimento da economia americana, de 4% em 2006 para 2% em 2007, e mundial, de 5% para 4%, o ambiente para as empresas vai se tornar mais competitivo e de maior risco. No seu cenário, que ele se recusou a qualificar de "soft landing" (pouso suave), a tendência é de queda nos preços das commodities, principalmente metálicas, e do petróleo, afetando a exportação de países e empresas.

"Mas o Brasil está bem preparado para lidar com a tempestade", acredita, devido à queda nas taxas de juros internas, que deverão impulsionar o mercado de capitais local, a um crescimento maior da economia, de 3% neste ano para 3,5% em 2007, e à redução na dívida externa e melhoria no perfil da dívida interna.