Título: AIE corta estimativa de produção no Brasil
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2006, Empresas, p. B7

A Agência Internacional de Energia (AIE) reduziu ligeiramente a estimativa de produção de petróleo no Brasil em 2007. Calcula que a produção aumentará 200 mil barris por dia. Significa corte de 30 mil barris/dia na estimativa inicial, por causa de outros atrasos em novos campos de Piranema, Golfino e Roncador.

No total, o Brasil deverá produzir 2,3 milhões de barris diários em 2007. O fornecimento de etanol é estimado em 300 mil barris diários, com aumento de 20 mil b/d.

Em todo caso, a AIE aponta o Brasil como um dos países que vai impulsionar a produção entre os não membros da Opep (Organização dos países exportadores de petróleo). Eles poderão aumentar em 1,7 milhão de barris por dia em 2007, liderados pela América do Norte, Federação da Rússia, Brasil, Angola e Sudão.

A demanda global aumentou 1,1% este ano, para 84,5 milhões de barris por dia. Para 2007, a estimativa é de alta de 1,7%. Mas há risco de queda por causa de incertezas sobre o crescimento dos Estados Unidos. A previsão é de demanda da China estável ano que vem em 7,35 milhões de barris diários.

O ''Oil Market Report'' foi divulgado ontem na véspera de reunião da Opep, hoje em Abuja (Nigéria). O preço do barril tem baixado em função da previsão de temperaturas superiores a normal nos EUA e isso aumentou a expectativa de o cartel decidir por nova baixa na produção para limitar perdas.

A AIE alerta sobre o desejo de Angola, Equador e Sudão de entrarem no cartel da Opep. Isso significa aumento imediato de 2,5 milhões de b/d na fatia de mercado do cartel. Reservas confirmadas de 20 bilhões de barris podem parecer marginal em comparação com os recursos atuais do grupo, mas é de fato um atrativo quando se considera o potencial menor de futura produção em países como Irã, Iraque, Nigéria e Venezuela.

Apesar da atratividade política de entrar no cartel, a agencia insiste que a adesão pode complicar ainda mais a repartição de cotas de produção entre 14 membros. Haveria impacto sobre investimentos estrangeiros e preocupação maior para os governos e mercados. Também alerta sobre a decisão do governo da Argentina, no começo do mês, de multar a Shell em US$ 7,5 milhões por ter falhado em fornecer óleo diesel suficiente para os postos de gasolina.

Segundo a agência, em setembro e outubro, regiões da Argentina enfrentaram escassez de óleo diesel durante dias. Agora, estima que o governo terá escolhas difíceis, porque pode agravar o conflito com as empresas privadas.