Título: Concessionária faz estudos para abrir o capital
Autor: Ribeiro, Ivo
Fonte: Valor Econômico, 14/12/2006, Empresas, p. B8

Com perfil de crescimento acelerado até 2010, elevada lucratividade para o setor, baixo endividamento e diversificação de operações, a MRS Logística desponta como uma candidata atrativa para lançar suas ações no pregão da Bovespa. A direção da concessionária esquiva-se em falar sobre o assunto. Da mesma forma, seus acionistas controladores. Mas sabe-se que há estudos em andamento para abertura do capital da ferrovia ainda no primeiro semestre de 2007.

Um assessor financeiro já foi contratado para analisar a viabilidade e a melhor forma de levar a empresa à bolsa, a exemplo do que fez a sua congênere ALL Logística em 2004. O banco está avaliando o modelo mais adequado para atender os objetivos dos acionistas da concessionária - CSN, MBR, Vale do Rio Doce, Usiminas e Gerdau.

Dois desses acionistas - CSN e Vale, dona da MBR - teriam fortes razões para apoiar a ida da empresa ao mercado de capitais. São detentores de grande excedente de papéis fora do bloco de controle, tanto de ações ordinárias como preferenciais. Juntas, as duas empresas têm 99,2% das ações preferenciais classes A e B, que somam 150 milhões de papéis - 49% do capital total.

As duas empresas vivem um acelerado processo de investimentos em novos projetos no Brasil e em expansão internacional, com aquisição de ativos. Essas operações são suportadas por pesados financiamentos captados com pool de bancos internacionais. Portanto, vão precisar de dinheiro para minimizar seu endividamento e uma saída é vender alguns ativos e participações.

A Vale, por exemplo, tomou emprestado US$ 18 bilhões de recursos para pagar a compra da Inco, mineradora canadense de níquel. A CSN está envolvida em uma operação de US$ 11 bilhões, dos quais US$ 9,6 bilhões em dinheiro, para adquirir o controle da siderúrgica anglo-holandesa Corus. Além disso, tem projetos de novas usinas de aço no Brasil e ampliação da mina Casa de Pedra de US$ 6 bilhões.

No bloco de controle da MRS, representado por 94,166 milhões de ações ON, de um total de 154,58 milhões de papéis desse tipo, a CSN é a principal acionista, com 17,2%. É seguida pela MBR, dona de 15,65%. A seguir vêm Vale e Usiminas, com 11,5% e 11,15%, respectivamente. Gerdau tem 1,42%.

A parte da Vale, por exigência da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), não tem direito a voto no conselho, pois a empresa é controladora da MBR e a lei determina que nenhum acionista pode ultrapassar 20%.

No capital total, CSN e MBR têm participações praticamente iguais, de 36,78% e 35,99%. A Vale possui 11,58% e Usiminas, 11,87%. O grupo Gerdau é dono de 1,39%. (IR)