Título: 'Ele simbolizou era sombria', diz Lula
Autor: Nassif, Maria Inês
Fonte: Valor Econômico, 11/12/2006, Internacional, p. A9

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a ocasião da morte do ex-ditador Augusto Pinochet para defender a manutenção da democracia na América do Sul. "O General Augusto Pinochet simbolizou um período sombrio na História da América do Sul. Foi uma longa noite em que as luzes da democracia desapareceram, apagadas por golpes autoritários", disse o presidente, segundo nota distribuída pelo porta-voz da Presidência da República, André Singer.

"Cabe fazer votos de que nunca mais a liberdade na região venha a ser ameaçada e que, em cada país, os povos possam sempre resolver em paz as suas diferenças", acrescentou o presidente. A declaração de de Lula ocorre num momento em que valores democráticos estão sendo questionados abertamente em pelo menos dois países da região - a Venezuela, de Hugo Chávez, e a Bolívia, de Evo Morales.

Reeleito para mais um mandato de seis anos e interessado em mudar a lei para que possa reeleger-se novamente daqui a seis anos, Chávez está se transformando numa dor de cabeça para Lula, que sempre o defendeu. A manifestação do presidente reflete essa preocupação. Na semana passada, o chanceler Celso Amorim disse: "não achamos essa idéia (de uma nova reeleição na Venezuela) boa para o Brasil".

No fim de semana, durante reunião da Comunidade Sul-Americana das Nações (Casa), em Cochabamba, Lula se irritou com Chávez. Os dois trocaram farpas porque, num discurso, o venezuelano disse que o Mercosul e a Casa "não servem para nada". Lula reagiu, dizendo que não aceitava a "negação" do que está sendo feito para aumentar a integração na região.

O assessor internacional de Lula e presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia afirmou, em entrevista à rádio CBN, que a morte de Pinochet deixou a Humanidade com um tirano a menos.