Título: Atividade em alta em outubro faz CNI prever fim de ano melhor que o de 2005
Autor: Santos, Chico
Fonte: Valor Econômico, 06/12/2006, Brasil, p. A3

Os quatro indicadores medidos pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que outubro teve atividade mais intensa, o que promete um fim de ano melhor que o de 2005. Na comparação com outubro do ano passado, as vendas cresceram 10,47% e as horas trabalhadas na produção, 6,02%, enquanto o pessoal empregado aumentou 3,28% na mesma comparação. O uso da capacidade instalada continua próximo dos 82%.

Em relação a setembro - e já descontados os fatores sazonais - a indústria vendeu 1,69% mais e as horas trabalhadas na produção aumentaram 1,23%. No resultado acumulado entre janeiro e outubro, as variações também foram positivas, mas menos intensas. Os crescimentos foram de 1,43% (vendas), 1,88% (emprego) e 1,77% (horas trabalhadas).

O aumento da atividade industrial em 2006 foi, para os economistas da CNI Flávio Castelo Branco e Paulo Mol "especialmente positivo". Eles dizem que esse movimento foi acompanhado da criação de emprego e não pressionou a capacidade instalada.

Castelo Branco vê sinais de formalização. O ritmo do pessoal empregado vem se mantendo em crescimento médio de 4% ao ano desde 2004. A CNI não tem números que mostram exatamente isso, mas chega a essa conclusão com os dados do Caged do Ministério do Trabalho, com as apurações da PNAD, do IBGE, e com a arrecadação previdenciária. Na própria CNI, o emprego vem sendo destaque. Ele vem aumentando a uma taxa média mensal de 0,37%, o que sinaliza para mais de 4% anualizados.

O forte resultado de outubro deste ano contrasta com o de igual mês de 2005, quando as vendas caíram 1,89% em relação a setembro. A alta da produção e do emprego é, segundo os economistas da CNI, bastante heterogênea. Eles citam, como exemplos positivos, os bens de informática e álcool.

"O que frustra é a economia crescendo menos que a média mundial. Não está ruim, mas poderia ser melhor", diz Castelo Branco. Na sua análise, o Banco Central tem sua parcela de culpa pela contenção da demanda com a política monetária, mas também há problemas no spread bancário, que não baixou.

A CNI está preparando uma revisão da projeção de crescimento do PIB para este ano. Em abril, a entidade calculava que o aumento seria de 3,7%; em setembro, essa previsão foi rebaixada para 2,9%.

Mudar esse nível de crescimento do PIB exige mais investimento. Castelo Branco diz que a desoneração dos investimentos anunciada pelo governo é positiva, mas insuficiente para que o PIB dê um salto. Na sua visão, o maior entrave para ampliar investimentos é o aumento do gasto corrente, que pressiona os juros. O uso da capacidade instalada vem se mantendo no nível dos 82%, o que sinaliza maturação de investimentos e descarta pressões sobre a oferta que haviam em 2004.