Título: Indústria espera recuperar perdas no RS no próximo ano
Autor: Santos, Chico
Fonte: Valor Econômico, 06/12/2006, Brasil, p. A3

Depois da queda de 4,8% no Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul em 2005, por conta da quebra da safra agrícola em função da estiagem e dos efeitos do câmbio sobre as exportações, a Federação das Indústrias do Estado (Fiergs) divulgou ontem a previsão de 2,6% de crescimento para a economia gaúcha neste ano. Para 2007, a projeção média é de expansão de 3,5%, com variação de um ponto percentual para mais ou para menos, considerando-se um cenário "otimista" ou "pessimista", disse o presidente da instituição, Paulo Tigre.

Apesar da recuperação, Tigre entende que 2007 "não será um ano fácil". "Ainda é muito caro investir no Brasil", afirmou. De acordo com a Fiergs, apesar da recuperação da safra de grãos para 21 milhões de toneladas em 2006, ante as 14 milhões de toneladas no ano passado, os preços das commodities ainda deprimem a rentabilidade dos produtores. Na indústria, o real valorizado também continua comprometendo as margens obtidas pelos exportadores, embora parte das empresas já tenha se ajustado ao novo nível cambial.

Segundo o coordenador da Unidade de Estudos Econômicos da federação, Igor Morais, o câmbio provocou perdas de R$ 6 bilhões no faturamento em reais das indústrias exportadoras gaúchas neste ano e de R$ 2 bilhões no passado em comparação com o patamar de 2004. O mau desempenho custou o fechamento de 10,7 mil vagas no setor, em especial nos segmentos calçadista e de máquinas agrícolas, informa a Fiergs. Já em 2007, com os ajustes dos preços em dólares e dos custos em moeda nacional promovidos pelas empresas, será possível recuperar R$ 2 bilhões deste montante, estima o economista. "É uma luz no fim do túnel", comentou.

Favorável ao estabelecimento de metas de crescimento econômico para o país - sem abandonar as metas de inflação - como forma de forçar um melhor planejamento dos investimentos e dos gastos públicos, Tigre defende uma reforma tributária que elimine definitivamente a guerra fiscal entre os Estados. De acordo com ele, existem "barreiras fiscais enormes" dentro do país que obrigam alguns setores, como o de carne de frango, a priorizar as exportações em detrimento do mercado doméstico. A federação prevê uma alta de 2,6% a 2,7% para o PIB brasileiro em 2006 e de 3,6% para 2007.

Pelos cálculos da Fiergs, a recuperação da agropecuária gaúcha, que deve passar de um desempenho negativo de 15,2% em 2005 para 17,8% positivos neste ano, será a principal responsável pela elevação do PIB estadual em 2006. No ano que vem, a estimativa para a evolução da produção primária local é de 2,4% a 4,4%.

Na indústria, o PIB ainda deve ser negativo este ano (-2,1%), ainda assim melhor do que os 4,8% também negativos de 2005. Para 2007, entretanto, a previsão é de alta de 4,8% a 6,8% (média de 5,8%). O segmento de máquinas agrícolas, que foi um dos mais afetados pelos problemas de clima e preços na produção primária, deve crescer 31,7% em 2007, na projeção média.